Uma briga de família, iniciada a partir da discordância na conta de duas cervejas dentro de um bar, há alguns anos, resultou na morte do reciclador Ney Ribeiro, conhecido por "Barbicha", 28 anos. Ele foi assassinado pelo cunhado, José Pereira de Andrade, o "Maratonista", 60, no final da tarde de ontem. O autor desferiu dez facadas e quatro tiros de espingarda contra a vítima. O crime aconteceu na Rua Santa Cecília, Vila Grécia, em Almirante Tamandaré, a menos de 10 metros de onde mora o autor.
De acordo com Irony, esposa do autor e irmã da vítima, a rixa era antiga. Desde a briga no bar, sempre que Ney bebia vinha à casa da irmã ameaçá-la, bem como ao seu marido e os dois filhos do casal, ainda pequenos. Ela conta que Ney já tinha quebrado a casa três vezes, apedrejado a residência em diversas ocasiões, e há tempos vinha ameaçando a família de morte. Em quase todas as situações, ela e José prestaram queixa. Foram registrados pelo menos 11 boletins de ocorrência – a partir de 2002 – pelas ameaças, agressões, lesões corporais e danos materiais.
Última ameaça
Os soldados Kyeras e Tiago, do 17.º Batalhão, contaram que durante a tarde Irony já havia chamado a polícia para tirar o irmão de dentro de sua casa. Na ocasião, ele estaria acompanhado de oito ou nove homens, que foram orientados pelos policiais a irem embora. Quarenta minutos mais tarde, Ney voltou sozinho, e iniciou nova briga com José, que então reagiu, matando-o.
José fugiu, mas Irony revelou que o marido irá se apresentar à polícia nos próximos dias. "Meu marido agiu em legítima defesa, pois poderiam ser quatro mortos aqui dentro de casa. Meu irmão já deu facadas, socos e pedradas em outras pessoas do bairro, era muito ruim. Até animais ele matou para tomar o sangue dos bichos", desabafou Irony.
Outro lado
Osório Ribeiro, pai da vítima, afirmou que o caso não era bem como Irony contava. Indo contra a própria filha, disse que o genro era violento, e que já havia machucado Ney com cortes de faca e foice, quando ele estava de passagem em frente a casa do cunhado. Até garrafada José já teria dado na cabeça do cunhado. "Meu filho tomava as dele (bebia) mas não mexia com ninguém", disse Osório, que reclamou dos boletins de ocorrência que a filha registrou contra o irmão.