Drogas matam quatro

Mais uma vez o tráfico e o consumo de drogas entre jovens culminou em mortes. Ontem à tarde três rapazes – com idades entre 17 e 19 anos – teriam sido executados por dívidas decorrentes do vício. Adilson Ortigas, 18, e o primo dele, Amauri Ortigas Schultz, 19, foram mortos por volta das 14h45, em um matagal, na Rua Córrego Norte Barigüi, no Pilarzinho. Cerca de uma hora depois, Gilson Lopes Anevan, 17, foi assassinado em frente a uma residência, na Rua Polônia, Jardim Natal, Almirante Tamandaré. Pela manhã, outro homem, de 32 anos, foi fuzilado em um restaurante, em Colombo, também por causa de entorpecentes.

De acordo com Vadico Schultz, avô dos dois jovens mortos no Pilarzinho, Amauri tinha ido visitá-lo ontem à tarde, como fazia rotineiramente. Depois de passar um bom tempo colhendo caqui no quintal, o jovem ouviu alguns gritos do primo, vindos do matagal e foi até lá para saber o que estava acontecendo. Momentos antes, um homem vestindo camiseta branca e bermuda preta, tinha pedido licença e passado pelo terreno de um dos tios dos rapazes, também seguindo em direção ao mesmo matagal. Alguns minutos depois, vários disparos foram ouvidos pelos moradores, anunciando o duplo assassinato. Na mão de Adilson a polícia encontrou o possível motivo dos crimes: uma bucha de maconha.

Inocente

Ao serem informados da ocorrência, os policiais militares do 12.º Batalhão e da Ronda Ostensiva de Natureza Especial (Rone) armaram um cerco e realizaram buscas pela região, mas o assassino (ou assassinos) conseguiu escapar. No local, a irmã de Amauri e demais familiares confirmaram que Adilson tinha envolvimento com o tráfico de drogas. Já Amauri jamais tinha feito uso de alguma substância entorpecente, de acordo com a família.

Algumas informações apuradas pela polícia levam a crer que seriam dois os assassinos. O sujeito que atravessou o terreno da família em direção ao matagal e outro que já estaria em companhia de Adilson, no mato, para fumar maconha. Um desentendimento entre eles teria dado início a uma discussão. Da casa do avô, Amauri teria ouvido a voz alterada do primo e foi ao seu encontro, para socorrê-lo. Lá, os dois foram executados com pelo menos um tiro na face de cada um. O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios.

Jovem crivado de balas em Tamandaré

Patrícia Cavallari

O mecânico Edival do Nascimento, 63 anos, estava em frente à sua casa (na Rua Polônia, em Almirante Tamandaré) com as quatro netas – com idades entre 3 e 7 anos – quando foi surpreendido por um tiroteio que por sorte não atingiu as crianças. As balas acertaram Gilson Lopes Anevam, 17, que, na tentativa de refugiar-se, entrou no terreno de Edival e acabou tombando morto no local. O pai da vítima, Lauro Lopes Anevam, não tem dúvidas que o filho foi executado em decorrência do tráfico de drogas. “Eu o alertei várias vezes, mas ele não me ouviu”, lamentou o pai.

De acordo com o mecânico, por volta das 15h45 ele estava consertando um carro e as netas brincando no quintal, quando ouviu o primeiro tiro. Mal deu tempo de ver o que estava acontecendo quando Gilson correu em direção à casa dele, enquanto outro rapaz o perseguia, atirando. “Minha mulher recolheu as meninas rapidamente e eu entrei em casa para chamar a polícia, e aí trancamos a porta”, contou Edival. Do lado de fora, Gilson teve o corpo crivado de balas pelo assassino. Há indícios que ele teria tentado entrar na casa, mas como a porta havia sido fechada a vítima não teve para onde escapar.

Ao ver o filho assassinado, Lauro desabafou dizendo que enquanto não prenderem os responsáveis pelo tráfico, os usuários vão pagar com a vida. “Eu tentei educá-lo da melhor maneira possível. Dei estudo, educação e jamais admiti a entrada de armas e drogas em casa, mas eu não podia impedir que ele saísse para outros lugares”, disse o pai.

Perícia

O perito criminal Alexandre Gebran detectou inicialmente seis perfurações no corpo de Gilson, no braço, na axila, no rosto, nas costas e na lateral do tórax. A perícia também encontrou seis cartuchos deflagrados no local. As investigações quanto a autoria do crime está sob responsabilidade da delegacia de Almirante Tamandaré.

Nove tiros no corpo e uma bucha de maconha na mão

Carlos Simon

Clientes comendo, carros passando, transeuntes caminhando por todos os lados. Todo o movimento da Estrada da Ribeira, altura do centro do Alto Maracanã, Colombo, foi ignorado por um homem armado de pistola. Na frente de dezenas de pessoas, às 11h de ontem, o desconhecido matou com nove tiros Paulo César de Andrade Santiago, 32 anos, o “Paulinho Boy”, na parte externa do Restaurante Raio de Sol.

Paulo estava sozinho no restaurante quando o assassino chegou. Antes dos disparos, discutiram por cerca de 30 segundos. “Vai acertar? Vai acertar?”, perguntava o autor. “A vítima respondeu algo, tentando se explicar, mas logo foi baleada”, relatou Job de Freitas, superintendente da Delegacia do Alto Maracanã.

Depois dos dois primeiros tiros, à queima-roupa, na cabeça, Paulo esboçou uma tentativa de fuga, que não foi além de dois passos. Ele caiu e o assassino atirou mais sete vezes em suas costas, com uma pistola calibre 380. Tudo isso na frente de funcionários e alguns clientes que já almoçavam. “Por sorte não ricocheteou nenhuma bala. Alguém mais poderia se machucar”, falou José Taborda, que há 17 anos vende sorvete caseiro junto ao restaurante. Ele conta que, ao ouvir os primeiros tiros, entrou no estabelecimento e não viu mais nada.

Apesar do fluxo de pessoas, o superintendente lamenta a ausência de dados sobre a identidade do autor. As poucas informações apontam que o assassino correu por uma rua lateral e apanhou uma moto para a fuga.

Paulo morreu com uma bucha de maconha nas mãos, fato que indica a provável causa do crime. “Certamente houve desacerto envolvendo droga”, falou Job.

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