José Carlos, Cristiane e Sebastião,
presos com bebida falsa, balas
de revóçver e cocaína.

Por fora, o boteco localizado na Avenida Santos Dumont, Jardim Santa Fé, Colombo, parecia normal. Só as marcas de bebida é que eram desconhecidas, e foi justamente isso que levou a polícia até lá, alertada por uma denúncia anônima. Na quinta-feira, a delegacia do Alto Maracanã descobriu que o próprio dono do bar fabricava as bebidas, e ainda guardava cocaína dentro do estabelecimento. O comerciante e um casal, acusado de ser o dono da droga, foram presos em flagrante.

A fabriqueta funcionava nos fundos do boteco e tinha produção diversificada: cachaça, licor, batida, conhaque e vodka. “Aprendi a fazer tudo por conta”, falou o dono do boteco, Sebastião Oliveira de Souza, 48 anos. Entre os materiais apreendidos pela polícia, havia vários tambores de plástico de 200 litros, milhares de rótulos de bebidas, fogareiro e produtos químicos (corantes, aromatizantes e outros) utilizados na confecção das bebidas.

Os rótulos falsos impressos com marcas como a da “Caninha Gaúcha” indicam que o produto é fabricado pela “Indústria de Bebidas Oliveira Ltda”., com endereço de Caxias (RS) e tinha até CGC e número do registro no Ministério da Agricultura. “Ainda não sabemos se ele se apoderou de uma marca existente no Rio Grande do Sul ou inventou o nome e os dados”, disse o superintendente da delegacia do Alto Maracanã, Job de Freitas.

Mais encrenca

Em revista pelo bar, a polícia encontrou 64 cartuchos calibre 38, uma carteira funcional da Polícia Civil em nome de um funcionário que saiu da ativa, talão de cheques e documentos de terceiros. E uma das caixas com rótulos de bebidas continha uma sacola plástica com cerca de 200 gramas de cocaína.

Segundo Job, Sebastião disse que a droga fora deixada por um certo Cláudio, morador da Vila Oficinas, Cajuru. Com o endereço em mãos, a delegacia prendeu José Cláudio Sabino de Oliveira, 37, e a mulher dele, Cristiane Ester Pacheco, 26. Na casa, foram apreendidas duas pedras de crack e cerca de R$ 1.500,00 em cédulas de baixo valor, supostamente adquiridas pela venda de droga.

José Cláudio negou a posse da droga encontrada no bar, e disse que não conhecia Sebastião. Também falou que o crack foi “plantado” em sua residência, e que o dinheiro miúdo veio da venda de um Gol. “O comprador é um sapateiro”, explicou. Ele já responde a inquéritos por receptação, tentativa de homicídio e tráfico de drogas.

Sebastião conta que é dono do bar desde 1993, e que só nos últimos anos passou a fabricar as bebidas. “Precisava recuperar o dinheiro que perdi com advogados”, disse ele, que respondeu inquérito da Polícia Federal por uso de moeda falsa. Segundo Job, ele tem passagem por assalto, mas o acusado nega este fato.

José Cláudio e a esposa foram autuados por tráfico de drogas. O comerciante vai responder, além do tráfico, por falsificação de substância alimentícia ou medicinal, crime que prevê pena de 6 meses e 1 ano de detenção.

continua após a publicidade

continua após a publicidade