Treze mil e cento e oito dólares desapareceram, misteriosamente, do Cartório da 6.ª Vara Criminal de Curitiba. O dinheiro havia sido apreendido por policiais militares no dia 14 de fevereiro do ano passado. Em abril deste ano, desembargadores da 5.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça determinaram que os dólares fossem entregues aos seus proprietários. Só então, descobriu-se que o dinheiro havia sumido de um armário. A escrivã Graça Fátima de Farias, responsável pelo Cartório, confirmou o sumiço do dinheiro, por escrito ao juiz, e se comprometeu a devolvê-lo. O advogado José Leocádio de Camargo contou que solicitou a abertura de inquérito policial contra a escrivã, pelo crime de peculato.

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O advogado alega que a escrivã lhe confidenciou que emprestou os dólares a um conhecido, que não devolveu o dinheiro, mas Graça se comprometeu a restituir a quantia quando recebesse um precatório no valor de R$ 200.000,00. "Ela confirmou a mesma história para os meus clientes", assegurou. Porém, a escrivã informou ao juiz da 6.ª Vara, que recebeu o dinheiro no cartório, guardando a quantia em uma sacola plástica junto com outras apreensões, em um armário de aço com chaves, que só ela tinha acesso, mas quando a restituição foi solicitada, descobriu que o dinheiro sumiu.

Graça ainda relatou que pediu prazo para a devolução ao advogado e aos seus clientes, que teriam aceitado. Quanto as acusações do defensor, Graça respondeu: "Surpresa a escrita pesada do Sr. Advogado, que sabe da lisura e responsabilidade com que esta Serventuária trata das apreensões em juízo" (sic). Em julho deste ano, a juíza substituta da 6.ª Vara criminal, Suzana Massaki Hirama de Loreto de Oliveira, determinou que a escrivã juntasse cópia do boletim de ocorrência, comunicando a subtração dos valores apreendidos nos autos, ou cópia autenticada. "Até agora, a cópia do registro da ocorrência não foi juntada", salientou o defensor.

Apreensão

Camargo disse que seus clientes C.R.M., 37 anos, e D.N.M.M., 34, foram presos por policiais militares quando saíam do Hospital do Trabalhador, no dia 14 de fevereiro do ano passado. Uma semana antes, C.R.M. havia sido vítima de um atentado e havia retornado ao hospital para ser medicado. "Ele foi armado com uma pistola, porque continuava sendo ameaçado. Antes de entrar, deu a arma para a mulher dele, D.N.M.M. guardar na bolsa. Depois de serem presos, junto com dois vizinhos, os policiais militares foram até a casa deles, no Sítio Cercado e apanharam 16.400 dólares, mas somente 13.108 dólares chegaram até a delegacia e foram apreendidos. O resto do dinheiro sumiu no caminho", denunciou Camargo. Até hoje, segundo o advogado, nada foi feito para apurar quem se apoderou indevidamente dos 3.292 dólares. "Meus clientes provaram que o dinheiro apreendido era lícito e a devolução foi determinada pelo Tribunal de Justiça", assegurou o defensor. Ele denunciou o fato à Tribuna porque, apesar do parecer do Tribunal, até o momento nada foi feito. "Já pedi o afastamento da escrivã, que continua trabalhando normalmente", disse Camargo.

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