Uma bala saída de confronto entre policiais militares e dois foragidos, atingiu a perna da garotinha Luana Vanessa Mateus, 11 anos, que estava dentro de sua casa, no Jardim São Francisco, em Araucária. Na troca tiros, Luiz Carlos Godoi dos Santos, o ?C&A?, 23 anos, e Jovani da Silva Ferreira, 27, foram baleados. A garotinha e os dois rapazes foram encaminhados ao Hospital Niss III. Luana foi medicada e liberada, mas Luiz e Jovani chegaram sem vida.

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Policiais militares da Ronda Ostensiva Tático Motorizada (Rotam) e do serviço reservado do 17.º Batalhão da Polícia Militar, foram até a Rua Adão Antônio Gondek, no Jardim São Francisco, para cumprir os mandados de prisão contra Luiz Carlos e Jovani, às 19h de terça-feira. O tenente Rocha, da Rotam, contou que, quando os policiais chegaram ao local, viram os procurados pulando as cercas e tentando se refugiar em outras casas.

Jovani teria se escondido embaixo da casa de Luana. Rocha salientou que o rapaz concordou em se entregar, porém, ao apanhar o seu boné, que estava caído no chão, sacou o revólver e atirou contra os policiais, que revidaram.

O policial disse que Jovani e Luana foram levados ao Hospital Niss III, enquanto outra equipe continuava as buscas para prender Luiz Carlos. Pouco depois, os policiais encontraram o rapaz escondido na casa de uma tia dele. ?Quando os policiais foram algemá-lo, ele reagiu, entrando em luta corporal?, contou Rocha. Durante a confusão, Luiz sacou a arma e acertou um soldado, que foi salvo pelo colete à prova de balas. Luiz Carlos levou um tiro no peito e foi encaminhado ao hospital, mas, assim como Jovani, não resistiu.

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Inquérito

O delegado Agenor Salgado, titular da Delegacia de Araucária, instaurou inquérito policial para apurar os fatos. Segundo ele, o mandado de prisão que os policiais foram cumprir era referente a uma tentativa de homicídio, em  29 de junho, quando Gedeão Lima da Silva foi até uma oficina mecânica na cidade e tentou executar um funcionário. Na delegacia, Gedeão contou que iria matar o rapaz a pedido de Jovani e Luiz Carlos, que lhe emprestarem um revólver calibre 38.

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Salgado contou que a dupla é apontada como autora de vários crimes na cidade. Entre eles, o assassinato de Alessandro Colaço, ocorrido no dia 27 de junho deste ano. Também à dupla são atribuídas as mortes de Acir Franck de Souza (5/06); Odair Ramos de Jesus (9/04), Valdomiro Popmpeu da Silva (5/06); e Aécio Sebastião dos passos (3/07).

Mulher diz que foi execução

Grávida de um mês, Elisete Pompeu, 30 anos, contestou a versão dos policiais de que seu namorado Jovani da Silva Ferreira, e o amigo dele Luiz Carlos Godoi dos Santos, foram mortos durante troca de tiros. ?Eu estava lá. Eu vi. Assim como mais de cem pessoas viram. Eles executaram o meu namorado e o meu amigo?, garantiu.

A mulher disse que todos comemoravam o aniversário de Jovani, quando várias viaturas da Polícia Militar chegaram. ?Os policiais chegaram metendo o pé na porta e arrastaram os dois para fora. Bateram no Jovani e no Luiz Carlos na frente de todo mundo?, contou. ?Os policiais chegaram a quebrar o maxilar do Jovani. Eles queriam matá-lo?, completou. ?Pedi para eles pararem que eu estava grávida e ele era o pai do meu filho. Sabe o que eles me responderam? Ninguém mandou se envolver com vagabundo.?

Segundo ela, o namorado tentou escapar se escondendo embaixo da casa. ?Os policiais atiraram nas costas dele. Um dos tiros atravessou a parede da casa da criança e acertou a menina?, contou. Ela disse que quando a confusão começou a mãe da criança colocou os filhos para dentro de casa e se trancou.

Elisete garantiu que nem o namorado nem Luiz Carlos estavam armados. ?O Luiz Carlos estava algemado. Enfiaram ele na viatura e deram três tiros. Quem matou o Luiz Carlos foi o policial ?Boca de Lata?. O meu namorado foi executado por um capitão da Rotam?, denunciou.

Quanto aos crimes que Jovani e Luiz Carlos são acusados, a mulher disse que caberia a polícia investigar e puni-los se fossem culpados. ?Que eu saiba não existe pena de morte?, questionou. Ela acredita que, agora, será perseguida pelos policiais porque resolveu denunciá-los.