Dois anos depois do assassinato do deputado estadual Tiago Amorim, o caso está praticamente esclarecido, faltando pouco para chegar ao julgamento dos acusados. O processo criminal que apura a morte de Amorim – executado a tiros em 18 de dezembro de 2001 quando saía do prédio onde morava, em Cascavel – está na fase de alegações finais.

De acordo com a promotora Vera Guiomar Moraes, que acompanha o caso, nessa fase as partes se manifestam, para em seguida os autos serem enviados ao juiz, que decidirá pela pronúncia ou não. Caso o juiz da comarca de Cascavel pronuncie os acusados, eles serão levados a júri popular. “Como há muitos acusados no caso, cada um com seu advogado, não há como determinar um prazo para o processo ir para o juiz”, informou a promotora.

Acusados

No total, dez homens foram acusados no processo. Quatro deles estão foragidos, disse a promotora Vera Moraes – entre eles, a pessoa que teria “patrocinado” a execução, ou seja, fornecido o dinheiro para pagar os envolvidos. Já o autor dos sete disparos de pistola 9mm conta o deputado – dos quais cinco o atingiram – seria Luiz Carlos Bernardes Pires, um criminoso conhecido por “Balaio”. Pires foi morto a tiros em Curitiba, no ano passado, em um confronto entre a polícia e um grupo de assaltantes. Outros dois homens que teriam ligação com a morte de Amorim também foram mortos: Arlei Zucolotto e Sandro Almir Gelasko.

Estão presos o ex-policial civil João Adão Sampaio Schisler, Alcides Machado Meireles, Marcelo Alves da Rocha, Humberto Soares de Oliveira Junior, Joelson Antunes das Chagas e Everson Jucke. Schisler é acusado de ser o mandante do crime, mas de acordo com as investigações o patrocinador seria Valdir Phillipsen.

Compadres

Phillipsen trabalhava com revenda de carros em Cascavel, mas é também um conhecido agiota da cidade. Ele é compadre de João Sampaio Schisler. Os dois tinham “trabalhado” juntos em outro caso de morte encomendada. Foi no assassinato de Abelino de Jesus Oliveira, o “Abelha”, um criminoso envolvido com furtos e desmanches de veículos na região.

Phillipsen tinha sido assaltado duas vezes em 2001, e teve informações – possivelmente através de Schisler, que era policial civil – de que “Abelha” era um dos envolvidos nos crimes. O agiota combinou, então, com Schisler para que o suposto assaltante fosse executado.

Condenado

O então policial contratou o matador e “Abelha” foi executado em 12 de maio de 2001. O autor do crime, Julio Carlos de Oliveira, que estava preso, foi submetido a júri popular na terça-feira passada, em Cascavel. O julgamento terminou ontem de madrugada. O réu foi condenado a 15 anos de reclusão pelo assassinato de “Abelha”.

O deputado Tiago Amorim, que apresentava um programa policial diário na TV Naipi de Cascavel, soube do envolvimento de Schisler na morte de “Abelha”. Temendo que Amorim explorasse o assunto na tevê, Schisler teria decidido matá-lo. Para isso, pediu ajuda ao compadre Phillipsen, que forneceu o dinheiro para a execução. O agiota teria pago R$ 40 mil para que Schisler arranjasse o esquema e contratasse um pistoleiro. Phillipsen teve a prisão decretada em setembro passado e desde então está foragido. (BM)

Investigações turbulentas

O assassinato do deputado estadual Tiago Amorim Novaes, que completa hoje dois anos, teve uma investigação turbulenta e demorada – em parte, porque o próprio deputado tinha envolvimento indireto com a polícia, pois apresentava um programa na TV Naipi, em Cascavel, onde fazia pesadas acusações contra policiais.

No início das investigações, a polícia não sabia se Tiago tinha sido morto por vingança ou queima de arquivo. Mas o nome do ex-policial civil João Adão Sampaio Schisler apareceu desde o começo das apurações, comandadas pelo delegado Alexandre Macorim, que na época foi deslocado de Foz do Iguaçu para Cascavel especialmente para cuidar do caso.

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