DNA vai solucionar caso de bebê seqüestrado

Quatro pessoas que se apresentam como tios e avó de Danieli, 13 anos, seqüestrada aos cinco dias de vida em uma maternidade de Santos (SP), coletaram sangue ontem na Polícia Científica de Curitiba. O exame de DNA é prova definitiva para incriminar, também neste caso, a empregada doméstica Silvânia Clarindo de Souza, presa pela polícia paulista. Ela já confessou ter retirado do mesmo hospital Danieli e outras duas crianças que registrou como filhos.

Para os parentes de Márcia Aparecida Jeremias, provável mãe biológica de Danieli, a expectativa é pelo desfecho satisfatório de um caso que se arrasta desde dezembro de 1990. Na época, Márcia morava em Santos e deu à luz uma menina saudável, que planejava batizar como Vanessa. Antes que a criança completasse uma semana, uma mulher que se passou por enfermeira entrou no berçário do Hospital Guilherme Álvaro e seqüestrou o bebê. O caso ganhou repercussão na imprensa paulista e a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) – órgão semelhante ao Cope no Paraná – passou a investigá-lo.

“Falamos com todo mundo no hospital. Desde então a procuramos, com ajuda da polícia”, contou Roseli do Rocio Machado dos Santos, irmã de Márcia, que morreu em 1999. O caso parecia insolúvel até que uma reportagem de telejornal sobre a prisão de Silvânia trouxe uma possibilidade de desfecho. “Silvânia é parecida com o retrato falado da mulher que levou minha sobrinha. E o hospital em que ela agia é o mesmo”, disse Roseli, que coletou sangue para o exame de DNA junto com um irmão, uma irmã e a mãe – tios e avó de Danieli. Se o resultado positivo for confirmado, a família vai tentar obter a guarda da menina.

Enfermeira

Do Guilherme Álvaro, hospital público de Santos, a doméstica confessou ter retirado também Filipe, 2 anos e 9 meses, e Erick, 7 anos, sempre se passando por enfermeira. As crianças estavam nos braços das mães e foram entregues para fazer um suposto teste do pezinho. Através da investigação do sumiço de Filipe, a equipe da DIG descobriu Silvânia, vivendo em uma favela do Guarujá, litoral paulista. O menino que ela apresentava como filho tinha todas as características da criança seqüestrada em abril de 2001 – mancha de nascença na nádega, fratura na clavícula causada pelo parto a fórceps e sangue tipo A negativo. O exame de DNA comprovou a suspeita.

Logo a polícia descobriu que a doméstica não era mãe verdadeira das outras três crianças que registrou como se fossem suas. Ela confessou ter seqüestrado Danieli e Erick e disse ter recebido Daiane, 10 anos, como doação da mãe verdadeira, mediante a promessa não cumprida da compra de um barraco de R$ 4 mil.

Pensões

A DIG acredita que o seqüestro das crianças era uma espécie de investimento da doméstica, mãe verdadeira de três filhos – dois deles mortos ainda na infância. Danieli, Daiane, Erick e Filipe foram registrados com pais diferentes, que ao todo pagavam entre R$ 400 e R$ 500 mensais de pensão. Silvânia simulava a gravidez aos companheiros, que acreditavam serem pais verdadeiros das crianças.

“Eram homens de baixo nível cultural, que não sabiam reconhecer a barriga de uma parturiente. Diziam que ela engordava”, disse o investigador Tércio, da DIG, que trabalhou no caso com os colegas Wagner e Cristina e o delegado Gaetano Vergine.

A doméstica reponde em liberdade a inquéritos por parto suposto (registro falso do nascimento de um bebê) e subtração de incapaz (seqüestro dos bebês).

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