As condições desumanas sob as quais vivem os presos do 1.º Distrito Policial, na esquina das ruas André de Barros e Travessa da Lapa, Centro, estão prestes a desencadear uma rebelião. Na noite de segunda-feira, eles fizeram as primeiras ameaças, exigindo melhores condições dentro da carceragem. Atualmente, 21 homens dividem o espaço de apenas 13 metros quadrados, o que resulta em cerca de 64 centímetros para cada um.
Os presos correm o risco de adoecer devido as condições que vivem,. A ventilação da cela é precária, feita por uma única janela e pela porta da carceragem, o que é insuficiente para a respiração de mais de 20 homens. Além disso, um dos detentos possui asma e, com isso, sua saúde está ainda mais debilitada. Para dormir, um colchão está sendo estendido em cima do sanitário, rente ao chão. Uma rede improvisada também foi estendida para acomodar um dos presos.
A situação também revolta os investigadores. De acordo com os policiais do 1.º DP, a cela não possui estrutura adequada para abrigar os presos, o que pode ser confirmado pelos inúmeros remendos feitos nas paredes nas tentativas de fuga, que são feitas, em média, uma vez por semana.
Ameaças
Os investigadores também afirmam que não possuem segurança para fazer revistas e, por isso, são obrigados a pedir apoio à Polícia Militar e ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), para realizá-la. As visitas estão sendo feitas através da porta da cela, e os detentos são obrigados a permanecer sob a luz de uma única lâmpada, por todo o tempo que permanecem presos na delegacia, já que não existe solário na unidade. “Sabemos que temos direitos e que eles não estão sendo cumpridos. Se a situação aqui não melhorar vamos quebrar tudo. Se precisar vamos matar, pois aqui ninguém tem medo de morrer”, afirmou um dos homens, detido por assalto.
Direitos humanos
Para Dálio Zippin, membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos a situação atual das carceragens é irregular e desumana, e fere por completo a Lei de Execuções Penais que assegura vários direitos aos presos. Ele afirma que os detentos deveriam estar recolhidos em unidades específicas, como casas de custódia e presídios, o que não está acontecendo na maioria das delegacias do Estado. “Se eu estivesse na situação desses homens também iria reclamar e ficar revoltado. O problema é que o Estado sabe do problema e fecha os olhos”, finalizou Zippin.
Governo vai construir quatro novos presídios
Na tentativa de reverter essa realidade o governo do Estado promete entregar, no decorrer do próximo ano, quatro novas unidades carcerárias. A previsão é que 6 mil presos sejam remanejados, desafogando as carceragens das delegacias.
De acordo com a Secretaria da Justiça e da Cidadania, ainda está em processo licitatório a construção das casas de Detenção e Ressocialização de Londrina, Cascavel e Piraquara. O Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais é o único projeto, cujas as obras já foram iniciadas.
Com isso, a situação difícil das carceragens das delegacias deve permanecer a mesma por, pelo menos, mais seis meses. As unidades terão a capacidade média para receber 900 detentos, vindos de localidades próximas. Isso significa que as delegacias de Curitiba e Região Metropolitana deverão encaminhar os detentos às unidades de São José dos Pinhais e Piraquara.