Guerra do tráfico

Disputa entre gangues termina em chacina no supermercado

A guerra entre as duas gangues que dividem a Vila Torres, Prado Velho, é o motivo mais evidente, segundo a polícia, para a chacina no estacionamento do supermercado Walmart, na Avenida Comendador Franco (das Torres), na tarde quarta-feira (31), o último dia de 2014.

Cinco homens, dois deles recém-saídos da prisão, foram baleados com tiros de pistolas 380 e 9 milímetros, quando colocavam as compras no porta-malas de um Uno. Dois morreram na hora, um na ambulância e outros dois no hospital.

Entre os que morreram no estacionamento do supermercado estava Alan Fábio dos Santos, 26 anos, que tinha deixado a cadeia de manhã, depois de receber indulto de Ano Novo.

Segundo a polícia, ele é um dos chefes da gangue da parte de cima da vila, também conhecida como “Xicarada”. O primo dele, Diego Renato dos Santos, 25, que também morreu na hora, tinha deixado a prisão há dois meses.
Eliton dos Santos Moreira, 25, James Robert dos Santos, 28, e Kelvin de Aguiar Pereira, 22, correram para dentro do hipermercado depois de serem atingidos. O tiroteio e o corre-corre das vítimas gerou pânico em cliente e funcionários, que deixaram o local pela porta de emergência nos fundos.

“O mercado estava bastante movimentado e teve muita correria. Três homens entraram correndo no mercado e eles estavam baleados. Um deles estava praticamente morto”, disse uma testemunha.

Para investigadores da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) o rapaz, de 20 anos, ainda não identificado, que chegou ao Hospital Cajuru baleado por volta das 20h de quarta-feira (31) e morreu horas depois, pode ser a sexta vítima da chacina, mas a investigação ainda não foi concluída.

“Tudo indica que foram três ou quatro assassinos. As vítimas provavelmente os conheciam, mas não tiveram chance de reagir. É um crime com características de execução, motivada pela disputa de gangues, que fazem tráfico de drogas na vila”, explicou o delegado Miguel Stadler, que assumiu a direção da DHPP há poucos dias.

Dentro do Uno das vítimas foi encontrada uma pistola Glock, calibre 9 milímetros, com carregador estendido, que tem capacidade para cerca de 60 disparos. A arma acaba se tornando uma espécie de submetralhadora. Apesar do poder de fogo, estava em um local de difícil acesso dentro do veículo, impossibilitando a reação das vítimas. Um carregador municiado foi encontrado na calçada, do lado de fora do estacionamento.

“Não é porque se trata de pessoas envolvidas com a criminalidade, que vamos deixar de lado. A investigação está bem definida e temos algumas pistas. As imagens das câmeras de segurança do supermercado serão úteis”, disse o delegado.

Crime relacionado

Funcionários de uma casa de carnes no Pilarzinho, que foi assaltada horas antes da chacina, reconheceram duas das vítimas como responsáveis pelo roubo. No bolso de dois dos mortos, a polícia encontrou cerca de R$ 2.500 em dinheiro, que acredita ser proveniente de assaltos.

Outro crime que pode ter ligação com a chacina é o assassinato de Rodrigo Barbosa Ribas, 25, na madrugada desta quinta-feira (1º), na Rua Anna Friebe, na parte de cima da Vila Torres. A DHPP também está investigando este homicídio.