Foto: João de Noronha |
Dirceu Jacobi não escodeu o rosto ao sair do camburão. continua após a publicidade |
O homem acusado de torturar uma jovem de 20 anos e mantê-la em cárcere privado por nove meses, além de matar a irmã dela, foi finalmente preso, na tarde de ontem, em Rio Branco do Sul.
Ao contrário do que se imaginava, Dirceu Jacobi, 29 anos, estava nas ?barbas da polícia? e só foi encontrado devido à grande ajuda da população, que denunciou o esconderijo do assassino, motivada pela ampla divulgação do caso pela imprensa.
Segundo Dirceu, ele fugiu assim que viu a ex-namorada estampada na capa da Tribuna. Desnorteado, foi até a BR-116 e lá pediu carona até São Paulo. Sem dinheiro, voltou para o Paraná, também de carona, e refugiou-se na casa de um primo em Rio Branco do Sul.
Na quarta-feira, Dirceu foi até uma sorveteria, onde populares o reconheceram e avisaram a polícia. No dia seguinte, uma nova denúncia indicou o endereço exato onde o ?Monstro de Colombo? estava. Ele foi preso na Rua Orlando Nodari, Jardim Nodari II e, na casa, a polícia não encontrou armas ou drogas, mas somente vasto material pornográfico. ?Nós passamos lá de moto, checamos a informação e, às 13h, pedimos apoio à Dinarc (Divisão de Narcóticos). Cercamos a casa e o prendemos sem que ele esboçasse qualquer reação. Dirceu disse que já esperava ser preso?, contou o superintendente da delegacia de Rio Branco do Sul, Leodir Fagundes de Brito, que prendeu o assassino com o apoio do investigador Moacir e dos investigadores Cláudio, Luiz e Marcel, da Dinarc.
A delegada Márcia Marcondes, da delegacia do Alto Maracanã – município onde ocorreram as torturas – e que trabalhou exaustivamente no caso, também elogiou a iniciativa dos moradores. ?Nós destacamos uma equipe só para cuidar disso e com a ajuda da população ele foi preso. É a prova de que as pessoas podem ajudar, e muito, a polícia?, disse ela.
Apresentação
Horas depois da prisão, o criminoso foi apresentado à imprensa. O delegado-geral da Polícia Civil, Jorge Azôr Pinto, afirmou que a prisão de Dirceu foi fruto da operação nacional desencadeada pela Polícia Civil, o que foi desmentido tanto por policiais civis quanto por militares. ?Ele foi preso por um golpe de sorte. Foi graças à foto dele nos jornais que os moradores o reconheceram e ligaram para a polícia?, disseram investigadores e PMs que, por motivos óbvios, não quiseram se identificar.
O acusado foi encaminhado ao Centro de Triagem 2, em Piraquara.
?Não fiz nada com ela?
Dirceu saiu do camburão algemado, visivelmente abatido. Ele não escondeu o rosto e fez questão de dar sua versão. Alegou que foi a própria namorada quem cortou os cabelos e raspou as sobrancelhas. ?Não sou traficante e não fiz nada com ela. Minha namorada tinha um caso com o marido da irmã dela, o Felipe, e foi ele quem cometeu os abusos?, defendeu-se.
Procurado pela reportagem, Felipe disse que jamais teve qualquer relacionamento com a cunhada. ?Ele é doente. Matou minha mulher, fez todas essas torturas com a mulher dele e ainda quer colocar a culpa em mim. Ele só pode ser louco para cometer todas essas barbaridades?, disse o rapaz.
Quando soube que Dirceu estava preso, a mãe das jovens disse que agora está aliviada. ?Estava morrendo de medo. Se Deus quiser vou ter sossego, pois esse monstro tem que pagar por tudo o que ele fez com minhas filhas. Agradeço à polícia e principalmente ao soldado Fabiano, tenente Maceno e a promotora Danielle Gonçalves, que me ajudaram muito durante os nove meses que procurei por minha filha?, disse ela.
Torturas
As torturas praticadas por Dirceu vieram à tona na última sexta-feira, quando a garota tentou suicídio e foi internada. Ela estava 20 quilos mais magra, no corpo havia hematomas causados por espancamento, e queimaduras, por brasas de cigarro. Depois de ser medicada ela contou para a família sobre as torturas sofridas, entre elas que foi obrigada a manter relações sexuais com animais e a ingerir fezes. Dirceu também teria introduzido o pé e a mão na vagina da jovem.
Depois de passar alguns dia internada em um hospital, a jovem foi transferida para uma clínica de recuperação para dependentes químicos. Bastante debilitada, a família espera que ela melhore para que seja submetida a cirurgia reparadora dos órgãos genitais.