Revoltados com o desrespeito e esquecimento por parte da Justiça, cerca de 20 detentos da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) resolveram, durante esta semana, realizar uma greve de fome para tentar obter revisões penais. A idéia somente não foi colocada em prática devido a intervenção do delegado Rubens Recalcatti, que propôs levar as reivindicações à instância competente.
Em conversa com a reportagem da Tribuna, o detento Anderson Lenes de Souza, 34 anos, um dos representantes da galeria B da carceragem da DFR, explicou que os presidiários vivem numa situação desumana na maioria das delegacias e distritos policiais, devido a morosidade da Justiça. Citando o caso dos 20 revoltosos da DFR, ele contou que dentre eles existem detentos que não deveriam estar recolhidos naquela carceragem, pois já cumpriram o tempo da pena; e outros que deveriam estar no sistema penitenciário. "Temos um companheiro que está aqui há mais tempo do que foi condenado. Aliás condenado não deveria ficar aqui, né?", disse o porta-voz dos presos.
Greve
Anderson contou que a situação dele também é irregular. "Fui condenado a uma pena de quatro anos e meio e, pelo tempo que estou somente na DFR, já deveria estar respondendo em liberdade", afirmou. Os presos ameaçam fazer a greve de fome caso suas situações não sejam revistas. "Conversamos com o doutor (delegado) e ele se propôs a levar nossa reivindicação até a Vara de Execuções Penais (VEP). Sabemos que é uma época difícil, final de ano, e tudo mais… Mas vamos esperar uma solução do juiz até a primeira semana de 2006. Depois iniciaremos a greve de fome até termos nossos direitos atendidos", explicou.
Ainda segundo o porta-voz, aproximadamente 80% dos presos cumprem a pena estipulada em carceragens de delegacias e distritos policiais. "Isso é um desrespeito. A situação de cada preso deve ser analisada. Aqui não é local de matar pena", concluiu.
O delegado Rubens Recalcatti afirmou que para impedir a revolta dos detentos – a qual poderia trazer conseqüências mais sérias -, resolveu intermediar as negociações. "Me preocupo com a situação deles e a reclamação é justa. Caso se revoltem, pode haver fugas e rebeliões mais violentas, o que não é desejável", explicou o policial.