A estudante Louise Sayuri Maeda, 22 anos, morreu por ter descoberto pequenos desvios no caixa da iogurteria em que trabalhava. Esta é a conclusão do delegado Marcelo Lemos de Oliveira, da Delegacia de Vigilância e Capturas (DVC), que encerrou o inquérito na quarta-feira passada.

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As prisões temporárias de Elvis de Souza, 20, Fabiana Perpétua de Oliveira, da mesma idade, e Márcia do Nascimento, 21, apontada como mentora do crime, se encerraram no sábado, mas foram convertidas em preventivas.

Apesar de diretores da iogurteria afirmarem à polícia não ter constado nada de anormal na contabilidade da loja onde Louise era supervisora de Fabiana e Márcia, foi apurado que Márcia se aproveitava da margem de erro do fechamento do caixa, para pequenos desvios.

A contabilidade das vendas era feita pela quantidade de copinhos de sorvete vendidos. A margem era de até R$ 30 de furo no caixa. Márcia desviava as pequenas quantias e chegava a tirar copos do lixo e recolocá-los na pilha de não vendidos.

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Demissão

O desvio foi descoberto em março, por Louise, que relatou o caso a seus superiores, sugerindo a demissão da funcionária. Ela descobriu também que Márcia tirou R$ 60,00 do caixa para pagar uma conta particular. Por esses desvios de conduta, Louise vinha advertindo a funcionária. Márcia não gostou e chamou Fabiana para dar um “corretivo” na chefe.

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Fabiana aceitou participar, mas sem saber o que Márcia planejava realmente. “Esse corretivo podia ser desde uma conversa, passar por alguns tapas ou chegar a facadas ou tiros, como aconteceu. Ela assumiu este risco ao ir junto com Elvis e Márcia”, analisou o delegado. Fabiana sabia de tudo que tinha ocorrido e deu três versões diferentes, conforme o crime ia sendo esclarecido. Por isso, a polícia a considerou cúmplice.

A participação de cada um

Gerson Klaina
Delegado Marcelo.

A partir da reconstituição do crime, realizada na sexta-feira, a polícia definiu a participação de cada um no homicídio. Com a desculpa de irem a um barzinho depois do trabalho, o trio convenceu Louise a entrar no carro de Elvis, namorado de Márcia.

Mas, no caminho, o grupo desistiu da diversão e foi levar Fabiana em casa, no Campo do Santana. Ao chegar à ponte da Rua Nicola Pellanda, sobre o Rio Iguaçu, o casal tirou Louise do carro e a executou.

Fabiana ficou no veículo. Elvis deu o primeiro tiro, com a arma encostada na cabeça de Louise. Depois, Márcia tomou-lhe a arma e atirou mais uma vez na cabeça da jovem.

O rapaz se apavorou e quis ir embora, mas Márcia disse que deveriam se livrar do corpo, para não serem descobertos. Então, jogaram a vítima no rio. A estudante foi encontrada dias depois, num areal do bairro.

Segundo a polícia, Márcia orquestrou tudo. Procurou um local ao redor do shopping onde fica a iogurteria, sem câmeras por perto, para que não fossem filmados entrando no carro de Elvis. A arma do crime não foi localizada, mas de acordo com o delegado, era um revólver calibre 38 pertencente a Márcia.

Outra

Por pouco, outra funcionária da iogurteria não foi assassinada. Ela, que nem sabia dos desvios de dinheiro, também foi convidada para ir ao barzinho. Mas, como tinha tirado nota baixa numa prova da faculdade, resolveu ir para casa estudar. Elvis relatou em depoimento que, se esta jovem estivesse junto, seria assassinada também, para não delatá-los à polícia.