A Polícia Civil gaúcha desmantelou um grande esquema de roubo e clonagem de veículos, trazidos do Rio Grande do Sul até as cidades paranaenses de guaíra e Foz do Iguaçu, para serem repassados ao Paraguai. Até o final da tarde de ontem, já somavam-se 29 detidos, todos no estado gaúcho.
O delegado Heliomar Franco, da Delegacia de Repressão aos Roubos de Veículos, de Porto Alegre, explica que a megaquadrilha começou a ser investigada em março. Somente por conta do bando, três a seis veículos eram roubados na região da capital gaúcha e no Vale dos Sinos, todas as semanas.
Num trabalho de inteligência, a polícia inverteu a investigação. Ao invés de prender os assaltantes e receptadores que descobria, passou a grampear seus telefones. As escutas permitiram identificar outros envolvidos, até chegar no paraguaio Oscar Genes Bogado, o “Orky”, e seu comparsa, Fred Cuevas, chefes de todo o esquema.
A dupla paraguaia recebia encomendas de determinados modelos e as repassava a assaltantes gaúchos. Os bandidos cometiam os roubos, pelos quais ganhavam não mais que R$ 1 mil cada, dependendo do modelo. Entregavam os automóveis a receptadores, a maioria comerciantes de Porto Alegre, responsáveis por “esquentar” os veículos.
As placas eram clonadas para que, quando estivessem a caminho do Paraguai, não levantassem suspeitas da Polícia Rodoviária. No Paraguai, os veículos eram entregues por R$ 4 mil a “Orky”, que os revendia por até R$ 8 mil. Caminhões de R$ 300 mil eram vendidos pelo traficante por apenas 10% desse valor.
Influência
O delegado diz que a influência do contrabandista é muito grande. Ele arrisca que várias autoridades estão andando com os veículos contrabandeados por “Orky”, sabendo que são roubados. Franco e sua equipe seguiu um dos automóveis roubados de Porto Alegre até o Paraguai.
O atravessador percebeu que era acompanhado e fotografado e informou seus “chefes”. As escutas permitiram flagrar “Orky” dizendo que telefonaria a um policial da aduana, para que interceptasse o carro dos policiais e lhes confiscasse a máquina fotográfica, o que acabou não acontecendo.
Quando os policiais entraram no Paraguai para seguir “Orky”, a situação se inverteu. Foi o próprio contrabandista quem seguiu os policiais e os intimou a dizer o que queriam com ele. Sem poder de prisão no país vizinho, os policiais gaúchos acabaram voltando ao Brasil.
Entre assaltantes, receptadores, falsificadores e atravessadores dos veículos, já são 29 presos. O delegado também já pediu para que a Justiça paraguaia providencie a prisão de “Orky” e Fred.