Uma quadrilha especializada em enganar idosos, com o pretexto de resgatar valores de ações do chamado Fundo 157, foi desarticulada ontem durante a Operação Fundo Falso, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público. Depois de quatro meses de investigação, 14 pessoas foram presas e teriam lucrado R$ 2,4 milhões nesse período.
Na manhã de ontem, 12 pessoas – cinco mulheres e sete homens – foram presas: sete em Curitiba, uma em Colombo, uma em Joinville (SC) e três no Guarujá (SP), onde foi localizado José Carlos Barreiro, 61 anos, tido como chefe do bando. Outras duas pessoas já haviam sido presas no dia 11.
O grupo agia há vários anos no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Foram recolhidos diversos documentos, 39 telefones celulares, 48 chips de diversas operadoras de telefonia, 92 cartões bancários, um veículo e uma arma, com munição, além de R$ 355,10 em dinheiro.
Esquema
O bando conseguia documentos de idosos e os induzia a acreditar que tinham valores a receber pela compra de ações do Fundo 157, criado no final da década de 60, que permitia aplicar parte do que deviam em imposto de renda na compra de ações e debêntures.
Os estelionatários telefonavam para as vítimas simulando ser das empresas Usiminas ou Cosiminas, de Belo Horizonte. Para resgatar a quantia, as vítimas tinham de pagar primeiro o valor relativo ao imposto de renda e taxas, que era depositado em contas bancárias de “laranjas”.
No Paraná, a investigação começou após denúncia feita por uma mulher, que mora em São Paulo e disse ter pago quase R$ 52 mil em dois depósitos. Segundo os golpistas, ela teria R$ 177 mil a receber.
Em 11 de setembro, Célio Roberto Alves Rolim e José Alexandre Monteiro foram denunciados pelo MP e respondem por estelionato, formação de quadrilha, falsificação de documentos e falsidade ideológica. Os dois estão presos preventivamente no Centro de Triagem II.
Procura por mais golpistas
A quadrilha tinha um manual que era seguido pelos seus integrantes. A base da quadrilha era no Guarujá e tinha braços em Curitiba, Carapicuíba (SP) e Joinville (SC). Os membros recebiam orientação e treinamento para aplicar os golpes, obtendo comissão de 2% do valor total de cada ação.
Cada golpe rendia ao grupo entre R$ 7 mil e R$ 51 mil. O Gaeco informou que as investigações continuam para tentar identificar como os golpistas conseguiam as informações das vítimas. Pessoas que tenham caído no golpe podem procurar o órgão pelo telefone (41) 3254-1195.