As amostras de sangue do deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho (PSB) já estão no Instituto Médico-Legal (IML). Elas foram solicitadas ontem ao Hemobanco (banco de sangue do Hospital Evangélico) pelo Ministério Público Estadual (MP) e pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), por meio de mandado de busca e apreensão.
A partir da análise das amostras será possível determinar, com provas materiais, se o parlamentar ingeriu bebidas alcoólicas ou outras substâncias tóxicas no dia do acidente em que morreram Gilmar Rafael Souza Yared e Carlos Murilo de Almeida.
De acordo com nota divulgada ontem, pelo Hospital Evangélico, amostras de sangue foram coletadas de Ribas Carli no pronto-socorro, às 2h15 de 7 de maio, como procedimento de rotina. O documento também informa que foi dado Dormonid ao deputado, um remédio usado para induzir ao sono.
Segundo especialistas consultados pela reportagem, o remédio é usado, geralmente, para sedar o paciente que está muito agitado. O psiquiatra do Hospital de Clínicas de Curitiba, Luiz Carazzai, explicou que, em algumas situações, o Dormonid é necessário, até para diminuir o sofrimento do acidentado. “Em doses maiores, teríamos o coma induzido”, explicou.
Boletins
Essa informação derruba as informações divulgadas pelo Hospital Evangélico nos primeiros boletins médicos. Num deles, o diretor-técnico Luiz Felipe Mendes afirmou: “O deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli (26) encontra-se internado na UTI do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba após grave acidente automobilístico, no qual sofreu traumatismo craniano grave, associado a múltiplas fraturas crânio faciais. Na presente avaliação encontra-se em coma, com sinais vitais instáveis e respira com ajuda de aparelhos. No momento seu estado pode ser classificado como grave, sendo as próximas 72 horas decisivas para definição do prognóstico”.
Também se comprovou o estado de agitação registrado no boletim de atendimento do Siate, motivo pelo qual foi sedado com Dormonid. Ou seja: ele nunca esteve em estado de coma natural, mas sim induzido, em virtude da sua condição inquieta.
Cirurgia
Ontem, o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, divulgou o terceiro boletim médico de Ribas Carli Filho. Ainda na última quinta-feira, o parlamentar passou por cirurgia para correção das “múltiplas fraturas de crânio e face”.
O documento informou, ainda, que a “cirurgia foi realizada sem nenhuma intercorrência”, que o “paciente encontra-se consciente e internado na Unidade de Terapia Intensiva para recuperação”. O boletim diz também que não há previsão de alta.
Mais depoimentos
Independente do resultado dos exames do sangue, o promotor Rodrigo Chemim já declarou que há testemunhas que afirmam que o parlamentar estava com “sinais visíveis de embriaguez” naquela noite.
Dando continuidade às investigações, o MP e a Delegacia de Delitos de Trânsito de Curitiba (Dedetran) colheram depoimentos, ontem, de outras testemunhas do caso.
Entre elas, quatro funcionários do restaurante onde o deputado jantou antes de se acidentar, e também uma médica do Hospital Evangélico. As testemunhas não quiseram falar com o Paraná-Online. Segundo Chemim, os depoimentos apenas reforçaram informações já conhecidas ao inquérito.
O MP estuda realizar a reconstituição do acidente e aguarda as informações solicitadas à Urbs, em relação a possíveis imagens dos radares da Rua Ivo Zanlorenzi, onde aconteceu o acidente.
A família de Gilmar informou que pretende realizar uma passeata no domingo da próxima semana, dia 24. A ideia é caminhar do local da tragédia até o Parqu,e Barigui.