A denúncia de abuso sexual cometido por adolescentes contra um menino, de 12 anos, em uma escola de Curitiba, colocou toda a família da vítima em risco. A vítima, o pai, a mãe, mais os quatro irmãos estão em abrigos do Estado, sob proteção policial, depois que familiares dos autores do abuso passaram a persegui-los e ameaçá-los de morte. Além disso, a mãe da vítima está processando a escola depois que, segundo ela, o diretor desqualificou a violência como “brincadeira de criança”.
Na terça-feira, o garoto chegou calado em casa e foi para o quarto. “Meu outro filho me avisou que ele me chamava. Quando entrei, ele não conseguiu dizer nada, apenas escreveu em uma folha que havia sido violentado. Fiquei sem chão”, relatou a mãe.
Descaso
Ela foi ao colégio na mesma hora. “O diretor demorou a me atender e tentou abafar a história. Disse que ia chamar o Conselho Tutelar, mas ninguém apareceu ou sequer me procurou”, alegou a mulher. Ela resolveu chamar a Polícia Militar, que registrou boletim de ocorrência e levou o diretor, o menino e o pai até a Delegacia do Adolescente. Algumas mães dos estudantes que teriam praticado o abuso também compareceram ao distrito.
No mesmo dia, a mãe levou o menino ao Hospital das Clínicas onde foi realizado exame de corpo de delito. “Os médicos constataram que meu filho foi violentado”, declarou a mãe. Na noite de quarta-feira, a mãe foi atacada por duas mães dos garotos envolvidos no abuso. Elas desligaram a luz do prédio para em seguida trazê-la para rua e agredi-la. O marido estava trabalhando e a mulher conseguiu se livrar sozinha e se trancou em casa com as crianças. “Voltei a chamar a polícia, que dissolveu o tumulto. Passamos a noite em claro”, relembrou a mulher.
Perseguição
Ontem, ela foi orientada por sua advogada a denunciar o crime ao Ministério Público. Quando ela foi ao módulo policial para buscar cópia do boletim de ocorrência, uma das agressoras a perseguiu e fez barraco na frente dos policiais. Os PMs mandaram a mulher embora e alertaram a mãe da vítima que seria perigoso voltar para casa. A mulher foi levada de viatura à sede do MP-PR e após registrar a denúncia, a família toda foi transportada pela PM até o abrigo.