Denúncia contra Leonyl causa reação de Tavares

A denúncia formulada por duas promotoras de Justiça de Rio Negro, contra o delegado-geral da Polícia Civil, Leonyl Ribeiro, acusando-o de envolvimento com o quadrilheiro Mário do Amaral Fogassa (apontado como líder de uma gangue especializada em roubo e desvio de cargas), provocou reação ontem por parte da Secretaria da Segurança Pública. Em nota oficial o secretário José Tavares afirmou que não “viu dolo” na atitude de Ribeiro, pelo fato dele ter recebido o empresário Fogassa, a pedido de um parlamentar.

Na denúncia entregue à Justiça na segunda-feira, as promotoras Maria Ângela Camargo Kiszka e Marla de Freitas Blanchet, citaram também o secretário Tavares e o deputado estadual Carlos Simões, como co-autores do favorecimento ao quadrilheiro, porém não puderam denunciá-los porque ambos tem prerrogativa de foro. Mas cópias dos autos, inclusive com degravação de fitas contendo conversas telefônicas entre os suspeitos, serão enviadas para a Procuradoria Geral de Justiça, para providências.

Orientação

Na nota enviada aos meios de comunicação, o secretário Tavares salientou que Ribeiro “apenas orientou o denunciado, conforme procedimento legal, a constituir advogado para responder a denúncias ou pressões que disse estar sofrendo”. E assegurou que em nenhum momento ele ou Ribeiro pediram que o inquérito policial em andamento na Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas fosse alterado ou tivesse o curso das investigações modificado. “Pelo contrário, a orientação é de que a lei seja cumprida e toda investigação seja apurada com rigor”, disse Tavares, que reafirmou nunca ter tido nenhum contato pessoal ou telefônico com Fogassa, nem tê-lo recebido em seu gabinete.

O delegado-geral, por sua vez, manifestou-se através da mesma nota, afirmando que tem o “máximo interesse de que tudo seja esclarecido à luz do Direito e dentro do que preconiza a lei. Acredito na Justiça e minha inocência será provada”, disse ele. Embora durante toda a tarde tenham corrido boatos nos meios policiais de que Ribeiro iria deixar o cargo, até a noite ele permanecia como delegado-geral da Polícia Civil.

Habeas corpus

O inquérito que apura as atividades da quadrilha de Fogassa já propiciou a decretação de prisões preventivas de 21 pessoas. Destas, 15 estão presas, entre elas o delegado Armando Marques Garcia e a delegada Margareth Motta, bem como o superintendente Helcio Piasseta, todos da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas. Por várias vezes os defensores dos três tentaram, junto à Justiça, obter a liberdade dos policiais acusados, mas até agora todas as tentativas foram infrutíferas.

Ainda ontem o desembargador Darcy Nasser de Melo, relator do habeas-corpus impetrado em favor da delegada Margareth indeferiu o pedido. Segundo ele, não há elementos evidentes que autorizem a cassação do decreto de prisão preventiva. A delegada, por sua vez, alega incompetência do juiz de Rio Negro para conhecer e julgar a ação penal que contém indícios de participação do deputado Carlos Simões.

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