A Delegacia de Homicídios irá desenvolver a operação “toque de recolher”, usando a mesma tática aplicada por traficantes para obrigar a população a ficar trancada em casa e impedir o funcionamento do comércio no Cajuru e bairros próximos. “Também vamos dar a ordem de recolhimento, só que essa consiste em colocar todos os marginais na cadeia”, enfatizou o delegado Stélio Machado, titular da especializada.
Segundo Machado, após as prisões que foram realizadas no Cajuru, de acusados de liderar quadrilhas envolvidas com o comércio de drogas e participação em diversos homicídios, os chamados “soldados” do tráfico querem se transformar em “generais” e espalham o terror pela região. “Vamos cortar a patente deles e colocá-los no lugar onde merecem”, prometeu o policial. No último fim de semana os traficantes teriam ordenado à população e aos comerciantes não sairem de casa e fechar as portas de seus estabelecimentos às 19h.
Atentado
Após o atentado contra o comerciante José Rogério da Silva, que foi baleado na cabeça na madrugada de sábado – ele fechou seu bar fora do horário determinado pelos bandisos -, já foram identificados vários quadrilheiros. “Depois deste fato, já identificamos mais dez pessoas envolvidas no terror e solicitamos a prisão de todas elas”, ressaltou o delegado.
Nos últimos três meses 12 integrantes de gangues do bairro foram presos. No mesmo período foram registrados 33 homicídios na região. “Estes marginais desrespeitam as leis e se prevalecem da “lei do silêncio”. A população ordeira se cala, pois teme denunciar e depois se transformar em alvo fácil dos quadrilheiros, que matam com armas e drogas”, salientou.
O delegado acredita que, com a união entre a Justiça e a polícia, a situação pode vir a se resolver. “A Justiça está do nosso lado. Vamos colocar os marginais no lugar deles”, afirmou o policial.
Megaoperação dá cana para 4
O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), apresentou ontem quatro pessoas presas durante uma operação desenvolvida no Cajuru na semana passada. Elizeu José de Oliveira, 33 anos, e Genadir Docelino da Conceição, 39, estavam com mandados de prisão decretados pela Justiça. Aleksandro Lourenço, 22, foi autuado em flagrante por porte de arma e um jovem de 23 anos, por uso de drogas.
O delegado Marcus Vinícius Michelotto, titular do Cope e responsável pela megaoperação que contou com carros blindados e dezenas de policiais fortemente armados, disse que os quatro presos ameaçavam a tranqüilidade dos moradores no bairro. “Este foi o resultado de um trabalho ininterrupto desenvolvido durante dias, com abordagem de várias pessoas”, frisou.
Presos
Elizeu, responde inquérito por furto e roubo, na Comarca de Matinhos. “Fui condenado a prestar serviços para a comunidade e tinha que me apresentar ao juiz todo o mês. Como parei de ir, saiu minha prisão. Eu nem sabia”, salientou.
Com antecedentes por roubo, receptação e falsidade ideológica, Genadir garante que o mandado de prisão era por falta de pagamento de pensão alimentícia. “Pelos crimes eu já paguei. Agora quero trabalhar, mas estou desempregado e com dificuldades para pagar a pensão”, salientou.
Já o outro detido diz que é usuário de drogas. Ele foi preso com pequena quantidade de maconha e não terá seu nome divulgado, pois a lei garante o anonimato e determina que seja feito um termo circunstanciado e liberado.