Delegado preso por extorquir sacoleiros

Após quatro meses de investigações, a Corregedoria da Polícia Civil prendeu ontem Claudimar Lúcio Lugli, de 39 anos, delegado de Engenheiro Beltrão, noroeste do Estado. Ele é acusado de comandar uma quadrilha que abordava ônibus de sacoleiros para apreender mercadorias e extorquir passageiros. Lugli foi detido na Operação Fênix, desencadeada simultaneamente em Engenheiro Beltrão, Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e Curitiba, que cumpriu cinco mandados de prisão e nove de busca e apreensão.

Além do delegado, a Corregedoria prendeu o auxiliar de carceragem de Engenheiro Beltrão, Osni Aparecido Marques de Araújo, 28, Ricardo Henrique Nogueira, 24, Maykon Humberto Zuffa, conhecido como ?Borboleta?, 22, e Mário Néri Júnior, 26. A polícia ainda procura por Douglas Pacce, 21, acusado de integrar a quadrilha. Em Curitiba, a Corregedoria apreendeu um veículo Audi A4, no valor de R$ 160 mil, que seria do delegado.

Todos os mandados foram expedidos pelo juiz da Comarca de Engenheiro Beltrão, Sílvio Hideki Yamagushi. ?Recebi denúncias de pessoas da região e determinei que a Corregedoria da Polícia Civil as investigasse. Foram quatro meses de apurações, que comprovaram a ação da quadrilha, envolvendo o delegado e o auxiliar de carceragem?, afirmou o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari.

Ontem, o juiz da comarca de Engenheiro Beltrão decretou, a pedido da Polícia Civil, a quebra do sigilo bancário do auxiliar de carceragem. De acordo com informações da Corregedoria, já foram encontrados depósitos de alto valor, entre eles um de R$ 30 mil. A Corregedoria aguarda, agora, que seja decretada a quebra dos sigilos bancário e fiscal do delegado Claudimar Lugli.

Todos responderão por formação de quadrilha. O carcereiro responderá ainda por porte ilegal de arma. Lugli responderá administrativamente por crime contra o patrimônio e por ?contratar? pessoas estranhas para função policial, já que integrantes da quadrilha se passavam por policiais para abordar os ônibus, além de ser indiciado por lavagem de dinheiro. A polícia investiga a possibilidade de o delegado e os integrantes da quadrilha terem cometido outros crimes.

Esquema

De acordo com o delegado da Corregedoria da Polícia Civil, Marcelo Lemos de Oliveira, o órgão instaurou inquérito policial a pedido de Delazari. Depois de todo o levantamento das informações, conseguiu a quebra do sigilo telefônico dos envolvidos. ?Lugli montou um grupo para abordar principalmente ônibus de sacoleiros que transportavam produtos de informática e cigarros. Os veículos eram parados na estrada pelos membros da quadrilha, que se passavam por policiais, apreendia toda a mercadoria e extorquia os passageiros com a ameaça de que seriam autuados?, disse. Segundo as apurações, a quadrilha já possuía receptadores para vender toda a mercadoria apreendida.

Para fazer as abordagens, Araújo pagaria o informante Douglas Pacce, que repassava informações de Foz sobre horários, trajetos e mercadorias transportadas pelos ônibus. Segundo a polícia, Nogueira e Zuffa seriam os integrantes que se passavam por policiais para abordar os ônibus. Mário Néri Júnior teria a função de contatar os receptadores para vender as mercadorias apreendidas pela quadrilha.

A Corregedoria investiga agora quem eram os receptadores e ainda possíveis outros crimes, como homicídio, que teriam sido cometidos pela quadrilha.

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