Gerson Machado, um dos dois delegados presos nesta quarta-feira (03), na Operação Vortex realizada pelo Gaeco e que investiga há oito meses denúncias de corrupção, alegou que é perseguido dentro da polícia. Em suas declarações ele dá a entender que há envolvimento entre policiais civis e criminosos e que ele está sendo denunciado como represália.

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Machado passou apenas seis meses no comando da DFRV. Neste período, indiciou em cinco inquéritos policiais Milton Stigler que, segundo ele, é o maior receptador de veículos furtados e roubados de toda a região de Curitiba, e atua em Araucária. O delegado garante que pediu a prisão de Stigler pelo menos três vezes para a Justiça de Araucária e uma vez em Curitiba, e que apenas um pedido foi deferido, por apenas dez dias.

A transferência de Machado para o 6.º DP aconteceu logo depois de operação frustrada de tentativa de prisão de Stigler. Assim que deixou a DFRV, Machado enviou uma nota à imprensa dizendo que Luiz Carlos de Oliveira “veio com um pedido relacionado a lojas de autopeças”, o qual ele disse que não iria atender por ser contra seus princípios. Ele também escreveu que acreditava que foi transferido porque Stigler afirmou estar sendo perseguido por ele.

Sindicância

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Por causa desta nota, segundo ele, foi instaurada sindicância contra Machado na Corregedoria da Polícia Civil. Pouco tempo depois, também foi instaurado um processo administrativo contra ele, pela atuação de um estagiário como policial civil.

“Por causa dessa investigação desse bandido eu fui transferido da delegacia”, desabafa o delegado. Já no 6.º DP, ele recebeu um ladrão de carros que teria levado vários veículos para Stigler, mas não recebeu R$ 40 mil de pagamento. O rapaz teria cobrado Stigler e por isso, recebido ameaças de morte.

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“Ele colocou no papel quem são as pessoas que o Milton Stigler mandou matar em Curitiba e na região metropolitana por envolvimento com a receptação de veículo furtado e roubado”, relatou Machado. O delegado afirmou que entregou cópia do depoimento na corregedoria e na Divisão de Crimes contra o Patrimônio. “Não sei quais providências eles tomaram. Fiz ofício para o Conselho da Polícia Civil, pedindo para que um delegado especial investigasse a atividade criminosa dele e dos policiais que por ventura tenham envolvimento com ele. Mandei meus policiais levarem este cidadão para ser ouvido pelos promotores do Gaeco”, conta o delegado.

Aposentadoria

Machado disse que afastou dez policiais do serviço da DFRV, e que assim que ele foi transferido para o 6.º DP estes policiais teriam retornado para lá. Machado lamentou que, apesar de ter colaborado com as investigações do Gaeco, foi preso por porte ilegal e ainda é investigado por envolvimento em corrupção da DFRV.

“Estou enojado. Desde a minha transferência da DFRV eu enojei, perdi a vontade de trabalhar, de produzir. Depois dessa palhaçada que fizeram comigo eu vou pedir a minha aposentadoria”, lamenta.