Depois de dois dias preso no Centro de Triagem I, o delegado Gerson Alves Machado foi solto, por volta das 17h45 desta sexta-feira (5), e fez duras críticas à Polícia Civil e ao Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Ele afirmou que irá apresentar, segunda-feira, um dossiê, com provas de corrupção na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). “Fui sacaneado e escrachado, como se fosse bandido. Sou delegado de polícia e por onde passei dei bons resultados. Quando estive na DFRV, fiz, em cinco meses, o trabalho que delegado que ficou anos e anos e não fez”, afirmou Machado.

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Desmanches

Ele contou que recebeu, quando era titula do 6.º Distrito Policial (Cajuru), um homem que, supostamente, havia sido contratado por Milton Stingler, para roubar carros e não recebeu o combinado. “Peguei essa testemunha, levei-a até o Gaeco, mas infelizmente eles não falaram nada sobre isso. Espero que o Ministério Público vá a fundo na investigação e responsabilize quem tem que ser responsabilizado”.

Várias vezes o delegado apontou Stingler como responsável por maior parte dos carros furtados e roubados em Curitiba e região metropolitana. “Fiz cinco inquéritos contra ele. Pedi sua prisão por três vezes em Araucária, e uma em Curitiba. Mas eu o desafio, para que venha a público e dê o nome dos delegados e dos investigadores que protegem a sua atividade criminosa”, esbravejou o Machado.

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Fiança

Gerson Machado estava autorizado a deixar a prisão na quinta-feira, mediante o pagamento de fiança de cerca de R$ 20 mil, equivalente a 30 salários mínimos. No entanto, o advogado Rafael Pellizzeti alegou que o delegado não tinha condições de efetuar o pagamento. Por volta das 15h, a 1ª Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba, baixou a fiança para 10 salários mínimos, R$6.780,00.

Acusações centradas em empresário

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O delegado Machado desafiou Milton Stingler a dar os nomes de investigadores e delegados que, segundo ele, facilitam a ação criminosa. “Você é um monstro, criado por delegados corruptos que passaram pela DFRV”, acusou, em entrevista coletiva. Ele também disse que o empresário é o mandante da morte de Mauro Mariano de Marins, 40 anos, e do irmão dele, Mizael Marcos de Marins, 37, encontrados na Estrada Rural do Campestre, em Araucária, e também do assassinato Mário Emilio Ramos Silvério, 40, conhecido como “Latino”, em agosto de 2011. Segundo a polícia apurou na época, Mário era suspeito de chefiar uma quadrilha de furtos e roubo de carros. Machado disse que Stingler contratava os ladrões para roubar os carros e prometia entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil, mas não pagava, e mandava matá-los. “Eu acredito na justiça e esse bandido que paga de empresário, vai para o lugar que ele merece”, declarou.

Futuro

“Não tenho rabo preso com f.d.p… nenhum, e se algum policial, investigador, ou delegado que trabalhou comigo, que cometeu alguma irregularidade, que seja punido e pague pelo crime que cometeu”, completou. Gerson Machado disse que vai passar o final de semana descansando e decidindo se realmente vai pedir aposentadoria. “Não sou nenhum santo. Sou delegado, vou morrer delegado. Vou pedir licença-prêmio e analisar se continuo ou não sendo policial, pois nesse Brasil de hoje não vale a pena ser da polícia”.

Assista no vídeo o depoimento completo de Gérson Machado.