Foragido há mais 30 dias, o delegado Edson Costa, 47 anos, que é um dos 26 acusados de estar envolvido no esquema de pedofolia associado a extorsões, corre o risco de perder o salário e a função de delegado, já que o Estatuto do Funcionário Público prevê a abertura de um processo disciplinar chamado "perda de função". Porém, parece que o delegado não está muito preocupado com isto. Segundo comentários nos meios policiais, Edson estaria escondido no Mato Grosso, e providenciava documentos "novos". Ele teria comentado com amigos que não pretende mais retornar ao cargo.
Apontada nas investigações como sendo a mentora do "esquema", Luciana Polérá Correia Cardoso, 21 anos, disse que quando o "golpe" começou a ser descoberto, Edson Costa a convidou para um encontro, onde insistiu para que Luciana "sumisse do mapa", porque as acusações iriam recair sobre ela, já que era a responsável pelo aliciamento de menores para os policiais. Segundo a jovem, ele chegou a comentar que para os policiais "não iria dar nada, porque era apenas mais uma extorsãozinha". Mas, dias depois de fazer o comentário, Edson foi preso temporariamente, junto com os primeiros acusados. Ele ficou alguns dias recolhido no xadrez do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), só que foi libertado graças a um habeas corpus impetrado por seu advogado. Quando gozava de liberdade, Costa teve a prisão preventiva decretada, mas nunca mais foi encontrado.
Acusados
Além de Costa e Luciana, foram denunciados pelo Ministério Público os delegados Moisés Américo de Souza Neto, 43, e Eduardo Marcelo Castella, 37, que estão em liberdade também por força de habeas corpus. Contam ainda como denunciados, uma advogada que chegou a ter a prisão temporária decretada, mas que posteriormente foi revogada e está em liberdade, exercendo a função; o investigador Raimundo Francisco e a secretária de Luciana, Bruna Fernanda dos Santos, que estão foragidos. Estão presos os investigadores Aldemar dos Santos, Dirceu Antônio Zorek, Gilberto Maciel de Paula (superintendente do 4.º DP), Humberto Tiesse, Jesmael Schoneborn de Moraes, José Augusto Mendes Paredes, Júlio César Bond, Márcio Gloinka, Marcos Antônio Ferreira, o "Dentinho" (superintendente do 7.º DP); Mário Jorge Couto, Richard Alberto Dittert e Walmir do Carmo Silva. Os escrivães Gilberto Alves, Júlio César de Lima e Jane de Fátima Shemes de Moraes. Também estão na prisão a técnica administrativa Maria Antônia Alves e o músico Antõnio Carlos Claro dos Santos, o "Carlão", que exercia o cargo de agente administrativo no distrito de Santa Felicidade e integrava o "CPI do Samba" (grupo de pagode que tem como membro o delegado-geral Jorge Azôr Pinto); e o informante Emerson Keppen Santos, conhecido como "Pança".