O rumoroso caso da extorsão do traficante internacional Lúcio Rueda Busto, conhecido como ?Mexicano? – que lavava no Brasil o dinheiro oriundo do comércio de drogas no México -, já rendeu a demissão de dois investigadores da Polícia Civil – ambos estão presos – e continua bastante tumultuado. Um dos ex-policiais, Ricardo Abilhoa, filho do procurador de justiça Dartagnan Cadilhe Abilhoa, ao ser interrogado na Justiça Federal, acusou o delegado da Polícia Civil Vinícius Borges Martins de ter sido o ?mentor? intelectual do golpe, dando informações a respeito de Lúcio e determinando sua prisão.
Na época – junho de 2004 -Vinícius estava lotado na delegacia de Cerro Azul. Atualmente está sem função e nega qualquer participação na ação ilícita dos acusados.
Acusado
De acordo com Abilhoa – que é acusado da extorsão ao traficante juntamente com o ex-investigador Carlos Eduardo Carneiro Garcia, o ?Carlinhos? – teria sido o delegado Vinícius quem indicou o local onde ?Mexicano? estava, propiciando sua prisão – e também quem determinou que fosse exigido dele ou da advogada dele US$ 1 milhão, para que fosse solto. Abilhoa ainda assegura que seu pai não sabia da ?transação?. Ele garante que, no final das contas, o ?acerto? ficou em US$ 350 mil, dinheiro dividido entre ele, ?Carlinhos? e Renata Baroni, sua namorada na época. Não soube dizer se o delegado ficou com alguma quantia.
Foi Renata, após o fim do relacionamento com Ricardo, quem o denunciou na Corregedoria da Polícia Civil e no Centro de Operações Policiais Especiais, dando início a toda a investigação, que resultou na prisão dos dois ex-policiais e do próprio traficante, realizadas pela Polícia Federal. Ela afirmou, nos depoimentos prestados, que Dartagnan Abilhoa sabia da extorsão e que chegou a guardar o dinheiro tomado de ?Mexicano? em um cofre, na sua casa.
PIC
Quando preso e levado à sede da Promotoria de Investigações Criminais (PIC), na época sob o comando de Dartagnan Abilhoa, Lucio apresentou-se como Ernesto Polascência San Vicente, inclusive com carteira de identidade emitida no Brasil. A PIC garante que o investigou com o nome de Ernesto e nada apurou contra ele, colocando-o em liberdade, após colher impressões digitais e encaminhar seu nome para a Interpol.
Já o delegado Vinícius revela que soube da existência do traficante através de um informante e passou o caso para a PIC, comunicando o próprio Dartagnan Abilhoa, que então mandou uma equipe para prendê-lo. O delegado garante ainda que forneceu os dois nomes que ele usava, um no Brasil – o de Ernesto – e outro no exterior – o de Lucio. ?Se não foi checado isso, o problema não é meu?, diz o delegado, que nega qualquer envolvimento com toda a trama. ?Não peguei dinheiro algum nem sugeri nada de ilegal. Apenas passei para a frente uma informação importante?, assegurou.