Presos da superlotada carceragem do 11.º DP (CIC) rebelaram-se no final da tarde de quarta-feira como forma de protesto contra medidas adotadas pelo delegado Gerson Machado, titular daquele distrito. O motim foi contornado com a chegada de policiais militares do 13.º Batalhão e dos policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Doze presos, considerados os líderes do movimento, foram transferidos do distrito para o Centro de Triagem II, em Piraquara.
Esta semana tem sido bastante agitada na carceragens de distritos policiais de Curitiba e delegacias da Região Metropolitana. No último domingo ocorreram fugas de detentos no 7.º DP (Vila Hauer) e na delegacia de Alto Maracanã, em Colombo. Na madrugada de segunda-feira, presos da também superlotada cadeia do 3.º DP (Mercês) tentaram escapar cavando buracos, porém a tentativa foi descoberta a tempo e a ação, frustrada.
Rebelião
Os presos do 11.º DP se revoltaram assim que o delegado determinou que os presos teriam acesso à alimentação complementar (alimentos trazidos por familiares dos detentos) apenas de 15 em 15 dias. Até quarta-feira passada, os enclausurados recebiam alimentos enviados por familiares todos os dias, porém essa situação estava transformando a já apertada carceragem em depósito de comida.
Incitados por um grupo de detentos, os 125 homens que superlotam as celas do distrito, com capacidade para 50 presos, se insuflaram e deram início a rebelião. Reforço policial foi acionado e a situação contornada. Os presos foram retirados de suas celas e foi realizada uma "operação pente-fino". Em uma das celas, os policiais descobriram um buraco no teto que seria utilizado posteriormente para uma fuga. Ontem, o buraco já havia sido tapado.
O problema da superlotação continua a incomodar as autoridades. A situação deve ser controlada apenas com a transferência de presos para unidades prisionais que estão sendo construídas pelo governo do Estado.
Linha dura pra pôr ordem
Diante da revolta no 11.º DP, o delegado Gerson Machado resolveu penalizar os rebelados. Além da imposição do recebimento de alimentação complementar de 15 em 15 dias, os detentos não terão direito a visitas em junho e a utilizar aparelhos de rádio e de televisão na carceragem. "Dependendo do comportamento dos presos essas regalias podem voltar a partir de julho", explicou Machado.
O policial ressaltou que a entrada diária de alimentação complementar estava se transformando num problema para o distrito e que os detentos estão bem nutridos, pois recebem marmitas enviadas por uma empresa especializada em alimentação. "Muitos trabalhadores e suas famílias não têm acesso à alimentação completa que os presos recebem", afirmou o delegado.
Para Machado, a imposição do castigo aos detentos foi necessária para mostrar que existem normas no distrito policial e que elas devem ser cumpridas. "Eles têm direitos aqui, mas também, deveres", finalizou.