Na reconstituição do assassinato de Lucinéia Luiza de Almeida, 27 anos, e da enteada dela, Karina Colimo, 10, na tarde de ontem, dúvidas vieram à tona. Altamir José Rodrigues, 33, que confessou ter matado as duas em 16 de abril, participou do procedimento, entretanto, vários pontos de sua versão foram contestados pelo delegado Homero Vieira Neto. “Ele conta alguns detalhes, mas logo em seguida volta atrás e os descreve de outra maneira”, afirmou.

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A reconstituição ocorreu na chácara da família, na Estrada do Jacaré, em Bocaiuva do Sul. O corpo de Lucinéia foi encontrado em 23 de abril, seminu dentro de um saco, e o de Karina, dois dias depois. Laudos comprovaram que a mulher morreu por asfixia mecânica, e a criança, por um objeto perfurocortante.

Altamir havia sido contratado pelo marido de Lucinéia, Marcos Saint Clair Colimo, 51, cerca de 30 dias antes, para roçar a chácara, que tem cerca de 60 alqueires. Marcos não estava na propriedade no momento dos assassinatos.

Agressões

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Altamir disse que ficou muito nervoso depois de ser insultado por pela mulher. Ele mostrou como a agrediu, numa garagem na frente de um depósito de tintas, próximo a casa da família. Com um empurrão, Lucinéia teria caído e batido a cabeça com força. “Quando ela tentou fugir, eu a segurei e a estrangulei”, contou Altamir. Neste momento, Karina chegava em casa, e teria visto a madrasta morta. “Corri atrás dela e a segurei pelos cabelos, trouxe-a até a garagem e a golpeei três vezes no pescoço com uma faca de cozinha”, relembrou o suspeito. Ele mostrou o matagal onde teria jogado a faca, mas os peritos não encontraram nada.

No local onde ele indica que matou a menina, não foi encontrada nenhuma marca de sangue pela perícia. “Ele diz que sumiu com a mochila da menina, que na verdade foi encontrada pelo pai, no quarto dela”, revelou o delegado Homero. Além disso, segundo o delegado, um documento de Karina e cerca de R$ 100,00 sumiram do quarto. “Ele havia dito que não tinha entrado na casa. Hoje, voltou atrás”.

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Roupas sumidas estavam no rio

Enquanto Altamir mostrava como levou o corpo de Lucinéia até a beira do córrego, que passa nos fundos da chácara, encontrou a calça e a calcinha da vítima, que estavam desaparecidas. Depois, mostrou como levou o corpo da menina, cerca de 500 metros morro acima. Quando questionado sobre seu problema nas costas, em função de uma queda de andaime, Altamir disse que usou uma motocicleta para transportar o cadáver. O delegado Homero levantou a hipótese de ele ter cometido abuso contra Lucinéia. A mesma suspeita, com relação a menina, foi descartada depois que a perícia do Instituto Médico Legal apontou que não havia marcas de violência sexual.

Mentiras

Marcos confirmou que chegou na chácara as 18h naquele dia, e encontrou Altamir indo embora. “Ele disse que minha mulher havia sido picada por um animal e havia ido procurar um médico. Liguei para vários hospitais, mas ninguém sabia de nada”, disse Marcos. Altamir era  foragido a Colônia Penal Agrícola, onde esteve preso por roubo e homicídio. Marcos disse que o contratou por indicação de um amigo que é mecânico e não sabia do passado do empregado. Altamir retornou para o Centro de Triagem II, em Piraquara.

Veja na galeria de fotos e vídeo da reconstituição.