Delegado da Polícia Civil vai a júri popular

O delegado-geral-adjunto da Polícia Civil, Francisco Batista Costa, e o delegado Maurício Bittecourt Fowler deverão sentar no banco dos réus da 1.ª Vara do Tribunal de Júri, no próximo dia 3 de julho, sob a acusação de terem envolvimento em crimes relacionados ao assassinato do estudante Rafael Zanella, 20 anos, que aconteceu em 28 de maio de 1997, durante uma abordagem policial. Também vão ser julgados o policial civil Daniel Luís Santiago Cortes, que na época era superintendente do 12.º Distrito (Santa Felicidade) e o escrivão Carlos Henrique Dias. Nenhum dos quatro acusados será julgado pela morte do estudante, mas por crimes relacionados ao homicídio. Apesar da acusação, todos eles estão trabalhando.

Eles só serão submetidos a júri popular porque, segundo a acusação, os crimes estariam intimamente relacionados com a morte do estudante. O advogado Beno Brandão, que defende Francisco, informou que hoje seu cliente só será levado a julgamento pelo crime de falsidade ideológica, que prevê uma pena de um ano e dois meses a 5 anos e dez meses de reclusão. Francisco também era acusado de usurpação da função pública, mas o crime prescreveu em abril deste ano, já que até esta data ele não foi julgado. ?A acusação contra ele é de que ele trocou a escala de serviço, onde constava o nome de Almiro Deni Schimit, que era funcionário público, mas não pertencia aos quadros da Polícia Civil?, contou o advogado. Beno explicou que tanto a escala em que consta o nome de Almiro, quanto a escala feita após a morte de Zanella, estão anexadas ao processo. ?A primeira delas contava com seis equipes, sendo que numa delas estavam Almiro, e os policiais Airton Adonski Júnior e Reinaldo Siduwouski. Após a morte do estudante, Adonski e Reinaldo foram afastados, assim como o Almiro. Não teria sentido o nome deles constarem na escala de plantão?, enfatizou o advogado. Beno salientou ainda que o nome de Almiro consta como condutor no flagrante dos amigos de Rafael e em outros inúmeros documentos do distrito, antes do fato.

No caso de Francisco, seu defensor pediu sua impronúncia (não ser mandado para júri popular), na primeira fase do processo. Porém, o juiz Luiz Mateus de Lima, na época da 6.ª Vara Criminal, não aceitou a justificativa de que Francisco não tentou omitir que Almiro e o estudante Guilherme Vieira Doni trabalhavam na delegacia ilegalmente, para não ser processado por usurpação de função pública. ?Tanto que os documentos trazidos no processo, comprovam isso?, salientou Beno. Ele disse que recorreu ao Tribunal de Justiça, que manteve a decisão de que Francisco deverá sentar no banco dos réus.

Mãe de Rafael pede justiça

João de Noronha/Arquivo
Elizabetha não tem ?sede de vingança?.

Dez anos após ter o filho assassinado numa abordagem policial mal-sucedida, Elizabetha Zanella está prestes a relembrar o drama vivido pela família. É que mais quatro acusados de crimes relacionados à morte do estudante Rafael Zanella vão a julgamento no início do mês. ?Só queremos justiça?, salienta.

Elizabetha lamenta que alguns crimes prescreveram devido à demora do julgamento. ?Infelizmente nesse país a lei favorece as pessoas. A defesa deles recorreu a todos os recursos?, comentou. A mãe de Rafael deverá ser uma das testemunhas da acusação. ?Acredito que os mais culpados são o delegado Maurício Fowler, o Daniel e o Carlos. O Francisco, que era o delegado-titular do distrito, não teve culpa. Inclusive estava viajando na época e não teve nenhum envolvimento direto com o caso?, disse. ?Vamos ser justos. Para mim a verdade é uma só, sempre?, acrescentou.

Quanto a Maurício Fowler, Elizabetha considera que a conduta do delegado foi muito grave. ?Ele foi o mentor da farsa e da tortura contra os meninos. Dele, do Daniel e do Carlos espero a condenação. Do Francisco a absolvição. Mas vou respeitar a decisão do júri popular?, afirma.

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