Operação Vortex

Delegado afasta policiais denunciados pelo Gaeco

Em sua primeira entrevista coletiva desde que assumiu como delegado-geral da Polícia Civil, Riad Farhat anunciou o afastamento dos delegados investigados na Operação Vortex, do Gaeco. Ele também anunciou mais rigor na formação dos policiais e na fiscalização do trabalho.

A operação do Ministério Público investigou extorsão a donos de autopeças e ferros-velhos por policiais da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. Foram denunciados por corrupção, lavagem de dinheiro e concussão (uso da função pública para exigir vantagem) quatro delegados, 16 investigadores e três comerciantes.

Administrativos

Luiz Carlos de Oliveira, ex-titular da Divisão de Crimes contra o Patrimônio, já está em funções administrativas, por ordem da Secretaria de Segurança. Marcos de Góes deixará o 10.º Distrito Policial, Gerson Machado, a delegacia de Quatro Barras, e Anderson Ormeni Franco, deixa de ser adjunto da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas.

Os delegados e os outros policiais denunciados permanecerão em atividades administrativas até que a Corregedoria da Polícia Civil avalie as provas levantadas na operação. “Vemos as denúncias com tristeza, mas estamos avaliando caso a caso”, afirmou Riad.

Ciranda

Sobre as mudanças nas chefias de delegacias, Riad disse que escolheu pessoas que acredita que possam fazer bons trabalhos. No caso da Delegacia de Homicídios, em que a retirada do delegado Rubens Recalcatti gerou até protestos, Riad alegou que o próprio delegado se recusou a ficar quando soube das mudanças que aconteceriam.

Maritza Haisi, atual titular da DH, foi escolhida porque apresentou um projeto de reestruturação da unidade, que deverá ser dividida em quatro partes. O projeto da criação da Divisão de Homicídios e de Proteção à Pessoa está nas mãos do governador Beto Richa. “Ela é de classe superior à dele, e seria chefe de Recalcatti. Ele não quis ser subordinado a Maritza”, explicou Riad. O delegado-geral disse que estuda com Recalcatti sua futura colocação.

Mais treinamento e mais técnica

Riad sempre criticou investigações mal feitas e pouco fundadas em técnicas, por isso pretende reformular a Polícia Civil e incluir novos treinamentos na formação dos profissionais. “Temos humildade de olhar para o nosso próprio umbigo e ver os problemas. Também vai ter mais cobrança minha sobre os divisionais, deles para os outros delegados, e dos delegados para suas equipes. Vamos manter os funcionários trabalhando sob pressão, para que eles relembrem as metas todos os dias”, ressalta. A principal meta, de acordo com ele, é diminuir os índices de criminalidade.

A cobrança, porém, é feita com consciência das dificuldades. “Os policiais estão sobrecarregados. Há carência muito grande de profissionais. Ainda temos comarcas sem delegados. Faremos mudanças administrativas para fazer o melhor com o que temos, e ficamos no aguardo de novas contratações, novos concursos”, espera.

Ministério

Ele também garante que vai batalhar para que não haja mais presos em delegacia no Paraná e que haja bom relacionamento com outras instituições. Na primeira semana no cargo, Riad tentou melhorar o clima de “guerra” com o Ministério Público. “Externei nossa boa vontade de trabalhar em conjunto com eles em prol da população do Paraná. Tive ótima acolhida”. Sobre acusações de tortura feita por policiais ele lembrou que era prática corriqueira quando entrou na polícia. Hoje, segundo ele, é pontual e deve ser banida.

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