Procurados e foragidos da Justiça têm sido recapturados pela polícia ao tentar retirar documentos de identificação em delegacias. Como eles fogem sem qualquer documento e, para embarcar em ônibus com destino a outras cidades há a necessidade de apresentar identificação, os indivíduos buscam ludibriar policiais
nas delegacias e, assim, obter certidões que possibilitem a viagem. Somente nos últimos dois meses, três homens foram presos agindo desta maneira, apenas na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR).
Foi assim que Marcos Souza da Silva, 25 anos, foi preso ontem. Ele procurou a DFR pedindo uma declaração que servisse como documento de identificação para viajar de Curitiba a Coronel Vivida, região sudoeste do Estado. Entretanto, a idéia de visitar familiares transformou-se no retorno à vida de presidiário. Marcos era foragido da Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara, e tentou expedir a certidão utilizando o nome de seu irmão Paulo César.
A falsa comunicação de dados foi descoberta dentro da DFR e o indivíduo detido.
Ao repassar seu verdadeiro nome foi constatado no sistema da polícia a fuga da CPA , em 11 de setembro. Marcos foi condenado a cumprir pena de três anos por tráfico de drogas e, segundo ele, já havia cumprido dois anos e nove meses. ?Saí da Colônia e não voltei mais. Cumpri quase toda a pena e não ganhei nenhum benefício. Isso não existe. Já deveria estar livre há mais tempo?, afirmou, indignado, o detento, tentando explicar o motivo de estar foragido.
Outros
Em agosto foram detidos na Delegacia de Furtos e Roubos José Claudemir Jacinto, 31 anos, e Carlos Alberto Damiani, 27. Os dois foram à delegacia para a emissão de certidão para viajar, mas terminaram presos. José tinha contra si mandado de prisão expedido por roubo e Carlos pretendia ir para Guarapuava, mas três mandados de prisão expedidos no Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia, ainda em vigor, impediram a sua fuga. No Paraná, o mandado de prisão é pela acusação de furto de veículo.
Rodoferroviária é a porta de saída
Uma das principais saídas da cidade, a rodoferroviária de Curitiba, também pode ser usada como rota de fuga para marginais e foragidos da Justiça. Diariamente, milhares de pessoas transitam pelo terminal rodoviário num intenso vaivém. Conforme a administração da rodoviária, nesta época do ano, o trânsito diário de passageiros é estimado em aproximadamente 20 mil pessoas que embarcam e desembarcam em 800 ônibus. Dentro desse contexto, é praticamente impossível encontrar pessoas com pendências judiciais, mas a adoção de uma medida simples tem auxiliado a polícia a prender foragidos e procurados da Justiça: a simples conferência do documento de identidade do passageiro, juntamente com a ficha individual de identificação de passageiros – documento entregue ao usuário no ato da venda do bilhete de passagem.
A conferência dos dados é realizada no momento do embarque nas linhas interestaduais, mas tal procedimento também passou a ser adotado por algumas empresas que fazem linhas estaduais. Caso seja solicitado documento de identificação ao passageiro e ele não o tiver, pode ser impedido de viajar. Essa proibição consta de uma resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que também é um órgão fiscalizador.