Delazari contesta Ministério da Justiça

O secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, classificou como mentirosos e equivocados os números divulgados pelo Ministério da Justiça (MJ), que coloca o Paraná como um dos estados mais violentos do País. O mapa das ocorrências registradas pelas polícias civis foi divulgado na última sexta-feira e faz um comparativo entre as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005. Delazari rebateu os números, alegando que eles foram captados de um sistema ultrapassado que não serve para estatísticas.

De acordo com o secretário, enquanto o MJ divulga que no Paraná ocorreram 3.088 homicídios em 2005, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) rebate dizendo que foram 2.219. Já em Curitiba foram 689 homicídios contra os 793 divulgados pelo levantamento. Em Foz do Iguaçu a diferença é de 325 para 260, segundo a Sesp, o que coloca a cidade em sexto lugar. ?Isso não é para ser comemorado, pois sabemos que Foz é uma cidade de fronteira, com tráfico de drogas e armas, que nós não escondemos de ninguém?, admitiu.

O dado considerado mais grave, na opinião de Delazari, é em relação aos estupros, que coloca o município de São José dos Pinhais como primeiro na lista, com 83 casos no ano passado. Ele argumenta que foram 66 casos, e com o isso o município cai para 22.º lugar. Além disso, ele esclareceu que ?não significa que todos ocorreram na cidade, mas podem ter sido registrados nas delegacias do município?. Sobre o número de seqüestros, o secretário afirmou que foram apenas oito casos em 2005, contra os 23 divulgados. ?Mas São Paulo, que todo mundo sabe que tem um grande número de seqüestros não divulga os números, o que prova mais uma vez que a pesquisa é mentirosa?, ponderou.

Segundo Delazari, a divulgação é absurda de dados, já que os estados não têm um padrão de levantamentos. Ele atribuiu as diferenças entre os números a diversos fatores, citando como o principal a captação de dados pelo MJ diretamente nos boletins de ocorrência das polícias Civil e Militar. Ele explicou que o órgão federal utiliza desde 1999 um sistema que está interligado com a maioria das polícias, e retira dali informações sobre os registros. Porém, ele ponderou que o sistema é ultrapassado e se alguém registrou a mesma ocorrência em delegacias ou unidades da PM os dados entram em duplicidade.

Eleitoral

Outro argumento de Delazari para a diferença entre os números é que podem estar inclusos também as mortes no trânsito. Ele esclareceu que, desde 2003, o Estado do Paraná utiliza o geoprocessamento dos dados, ou seja, faz um mapeamento do crime, onde é possível verificar com precisão os dados. Esse sistema geram  estatísticas que são usadas, e não divulgadas, pela Sesp para ações estratégicas.

O secretário disse estranhar o interesse em divulgar esses dados há cerca de uma semana das eleições, e entende que isso trará prejuízos para a campanha eleitoral, bem como para a economia do Estado e de Curitiba. ?Isso pode gerar pânico?, falou, acrescentando que o MJ não teve o mesmo interesse em divulgar que em quatro anos os recursos para a segurança pública do Paraná foram reduzidos de R$ 1 bilhão para R$ 400 milhões.

Na próxima terça-feira, Delazari irá participar de uma reunião, em Brasília, com os secretários de Segurança Pública de todo o País para discutir esses dados. Segundo ele, os erros não atingiram só o Paraná. ?Já falei com os secretários do Rio Grande do Sul e Mato Grosso e os dois afirmaram que os dados estão completamente divergentes?, finalizou. 

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