Degolada na cama pelo filho drogado

?Matei minha mãe e ainda vou matar meu pai. Eles me entregaram pro capeta." Estas foram as palavras ditas por um rapaz de 17 anos, preso na tarde de ontem, ao confessar ter degolado a própria mãe na noite de quarta-feira. A vítima, uma enfermeira, de 34 anos, foi encontrada pelo marido, deitada sobre sua cama, na casa onde morava com o filho, na Cidade Industrial de Curitiba. O casal estava temporariamente separado, uma vez que a vítima tinha por hábito proteger o filho – que era viciado em drogas – enquanto o pai não conseguia conviver com a personalidade rebelde do adolescente.

Na noite do crime vizinhos ouviram mãe e filho discutindo, porém, como as brigas eram constantes, preferiram não interferir. Na manhã seguinte, o marido da enfermeira ligou várias vezes para o celular dela, e sem conseguir resposta, resolveu ir até o apartamento. Depois de bater insistentemente na porta e não obter resposta, ele foi até a janela do quarto e a avistou deitada sobre a cama. "Em princípio achei que estava dormindo, mas como não respondia meus chamados, arrombei a janela e entrei. Quando cheguei perto, encontrei-a morta, de pijama, com uma facada no pescoço", contou o marido da vítima.

Ainda em estado de choque, sem entender o que estava acontecendo, o marido tentava descobrir quem poderia ter cometido o crime. Dez minutos depois veio a resposta. A porta do apartamento se abriu e o filho do casal entrou. "Quando o vi, logo desconfiei que fosse ele o assassino e daí perguntei o que tinha feito com sua mãe. Meu filho confessou tê-la matado", contou indignado. O garoto tentou fugir, mas foi detido por moradores do conjunto residencial, que em seguida o entregaram aos policiais do 13.º Batalhão da Polícia Militar.

Ingratidão

Em meio à revolta da família e à curiosidade dos moradores, dezenas de pessoas se reuniram no local, ameaçando linchar o assassino. Ele foi levado até o módulo policial do bairro, e posteriormente encaminhado à Delegacia do Adolescente, por onde já tinha passagens. Algemado, sem camisa e com o peito e as costas preenchidos por diversas tatuagens, o assassino demonstrou frieza ao comentar o crime, fazendo novas ameaças. "Eu e meus pais somos católicos, mas desde criança eles me entregaram pro capeta. Então esganei minha mãe com uma toalha, enquanto ela estava deitada, e depois cortei o pescoço dela e coloquei a faca em baixo do corpo. E eu ainda vou matar meu pai", prometeu.

De acordo com o pai do garoto, sua mulher não foi apenas vítima da violência, mas também da ingratidão do único filho do casal. Há três anos se viciou em drogas, sendo internado várias vezes em clínicas de recuperação, de onde fugia negando a ajuda dos médicos e da família. Há duas semanas, saiu da Delegacia do Adolescente, onde esteve detido durante 30 dias por tráfico de drogas. A liberdade foi conquistada pela própria mãe, que financiou o carro para pagar R$ 3 mil pela fiança do filho.

A atitude da enfermeira contrariou o marido, que freqüentemente tinha atritos com o filho. A briga do casal fez com que ela optasse por continuar convivendo com o rapaz, e desde quando ele deixou a delegacia os dois passaram a viver no apartamento alugado, na CIC. "Minha mulher fazia tudo pro meu filho, chegando a comprar um computador que ele trocou por maconha. Eu avisava que ele era perigoso, pois há alguns anos chegou a me esfaquear nas costas, mas ela não me ouvia. Eu amava minha esposa e nós tínhamos nos afastado só por causa dele", finalizou o pai do assassino, que agora teme pela própria vida.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo