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Policiais da Companhia de Choque simulam uma abordagem dentro do quartel Geral da PM.

Muitas vezes a abordagem feita por policiais militares, conhecida popularmente como "geral", constrange e revolta pessoas que nada devem à Justiça. É verdade que alguns policiais chegam a abusar da autoridade, mas outros agem apenas com a rispidez que a técnica exige. Esses comportamentos diferenciados deixam muitos cidadãos na dúvida, sem saber distinguir quando o policial está passando ou não dos limites permitidos.

De acordo com o major Milton Izzac Fadel Júnior, comandante da Companhia da Polícia de Choque, a abordagem policial é um procedimento normal, que deve ser feito com base no respeito à técnica da ação e ao cidadão. Em hipótese alguma, o policial tem autorização para agredir fisicamente ou moralmente o suspeito. "É totalmente proibido insultar a pessoa abordada ou agir com violência. Caso isso aconteça, ela tem todo o direito de denunciar o policial ao batalhão em que ele está lotado", explica o comandante.

Por outro lado, é necessário saber que, no momento que os policiais abordam alguém, até que se prove o contrário, a pessoa está sendo apontada como suspeita de algum delito. Por isso, eles são orientados a agir com bastante severidade na ação. É normal que os policiais gritem, apontem as armas, conforme o treinamento, e exijam que a pessoa se encoste na parede com mãos e as pernas abertas, situação que, na maioria das vezes, assusta. "Durante a abordagem há um confronto muito grande, pois o policial está tenso, acreditando que pode se tratar um bandido, e a pessoa não está esperando aquilo. Porém, o policial não pode vacilar em nenhum momento, uma vez que ele pode estar frente a frente com um marginal. A ação deve ser rigorosa para eliminar ou diminuir a vontade dos bandidos em reagir", explica Fadel.

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Recomendações

O comandante recomenda que nos primeiros segundos da abordagem a pessoa obedeça o policial e evite qualquer reação, seja fazendo movimentos bruscos ou tentando prestar muitas justificativas. Depois que o policial estiver com a situação dominada ele irá solicitar os documentos do suspeito, que terá a oportunidade de explicar-se. Fadel ressalta a importância das pessoas andarem sempre munidas com seus documentos, uma vez que a grande maioria dos marginais não faz isso, justamente para confundir a polícia. "Se alguém é abordado em uma rua onde há grande consumo de entorpecentes, por exemplo, e não mostra sua carteira de identidade, há um forte indício de que ela deve alguma coisa à Justiça". Afirma o comandante.

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Segundo Fadel, as abordagens só acontecem quando há fundada suspeita. "Uma geral" pode ser dada em várias situações, como por exemplo, num dia quente, quando o policial avista um rapaz usando um casaco grande. Pode ser que ele tenha vestido a blusa para esconder uma arma. Ou quando as pessoas tentam se esconder ou ficam nervosas ao ver a viatura da polícia, o que indica que o indivíduo possa ser um foragido da Justiça ou esteja levando drogas. São diversas situações que o cidadão comum não imagina que podem despertar suspeita, mas para a polícia são indícios para o crime", finalizou o comandante.

Mais ações em locais de risco

O major Milton Izzac Fadel Júnior, comandante da Companhia da Polícia de Choque, afirma que em regiões onde há maior incidência da violência é natural que haja mais diligências policiais, e por conseqüência, maior número de abordagens.

O motorista Júlio César da Silva, 22 anos, nunca teve nenhum envolvimento com o crime, porém já foi abordado mais de dez vezes por policiais militares. Ele é morador da Vila Sabará, na Cidade Industrial de Curitiba, um dos bairros com maior índice de violência e tráfico de drogas da cidade.

Segundo ele, a maioria das abordagens que sofreu foram à noite, em bares da região ou nas ruas do bairro. Júlio afirma que já foi agredido algumas vezes, mas que, em outras situações, os policiais mostraram profissionalismo na ação. "Certa vez estava voltando a pé, com sete amigos, de uma danceteria, quando os policias nos abordaram. Eles mandaram a gente se encostar na viatura e deram vários chutes e tapas na nossa orelha, mesmo sem devermos nada. Por outro lado, entendo e acho necessário que a polícia esteja na rua", diz ele.