Com dados alarmantes para a segurança pública paranaense, o Ministério da Justiça divulgou ontem o ?Mapa das Ocorrências Registradas pelas Polícias Civis?, um levantamento com todos os crimes atendidos pelas delegacias da Polícia Civil nas cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005. O relatório coloca o Paraná como um dos estados mais violentos do país, tendo três municípios entre os cinco que registraram maior índice de crimes letais por 100 mil habitantes em 2005.
No período de abrangência do relatório, o Paraná registrou 9530 mortes por decorrência de crime, sendo 3.644 em 2004 e 5.886 em 2005, o que o coloca como quarto estado mais violento, atrás apenas de Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. Além disso, Curitiba, Foz do Iguaçu e São José dos Pinhais, foram, respectivamente, a terceira, quarta, e quinta cidades com o maior índice de mortes por crime em 2005. Camaragibe (PE) foi a primeira e Duque de Caxias -(RJ), a segunda. Em Curitiba, 2.108 pessoas morreram ano passado vítimas de crime, o que a torna a capital mais violenta do Brasil, enquanto o Rio de Janeiro, por exemplo é, apenas, o 41.º município em índice de mortes violentas para cem mil habitantes.
E o Paraná ainda encabeça a lista do Ministério da Justiça em dois outros crimes hediondos: homicídio doloso e estupro, com 325 casos. Foz do Iguaçu é líder em homicídios dolosos em 2005. Já, São José dos Pinhais foi o município brasileiro com o maior registro de estupros: 83.
Através de sua assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado de Segurança Pública informou que só tomou conhecimento do relatório no final da tarde de ontem e que só vai se pronunciar após analisar os dados.
O relatório
Segundo informa o relatório de 116 páginas elaborado pelo Departamento de Pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança Pública, a análise das ocorrências registradas pelas polícias civis em todo o Brasil, nos anos de 2004 e 2005, evidencia que os crimes contra o patrimônio continuam sendo mais freqüentes que os outros crimes analisados.
De acordo com o mapeamento, em 2005, a chance de um brasileiro ser vítima de roubo foi 23 vezes maior do que ser vítima de um homicídio doloso. ?Apesar de não termos uma série histórica de dados suficientemente longa para elaborarmos projeções, é possível identificar que os crimes violentos letais e intencionais e os não-letais contra a pessoa passam por um período de estabilidade; os crimes violentos contra o patrimônio e delitos envolvendo drogas passam por um período de incremento, e os delitos de trânsito passam por um período de redução significativa?, conclui o relatório.
No Brasil, o número absoluto de mortes resultantes de crimes violentos cresceu 1% de 2004 para 2005, aumentando de 54.696 para 55.312. A Secretaria Nacional de Segurança Pública esclareceu que este diagnóstico foi peça fundamental no desenho das suas ações em 2006. ?Em função da identificação deste caráter mais disperso da criminalidade no Brasil pelos municípios com população acima de 100 mil habitantes e fora das capitais das Unidades da Federação, a SENASP decidiu orientar todos os seus esforços no sentido de investir na segurança pública dos 100 municípios com as maiores taxas de crimes violentos do país?, comunicou.
