Foto: Walter Alves

Caminhão tombou no quilômetro 655 da BR-376.

continua após a publicidade

A curiosidade causou a morte de duas pessoas e ferimentos em outra. Ao pularem a mureta de proteção, no quilômetro 671, da BR-376, no trecho Curitiba-Joinville, Cícero Luiz dos Santos, 37 anos, Valace de Lima, 34, e Ricardo de Oliveira, 24, despencaram 25 metros caindo num rio de pedras, que está praticamente seco. Cícero morreu no local. Valace e Ricardo foram socorridos pelos policiais rodoviários federais e encaminhados ao Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul. Valace não resistiu aos ferimentos e chegou morto. Em estado grave, Ricardo permanecia internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital até a tarde de ontem.  

A polícia acredita que os três pularam a mureta para ver o capotamento do caminhão Volkswagen placa CNR-0905, carregado com frangos, que aconteceu às 22h25 de quinta-feira. O motorista do veículo, Jocélio Ribeiro, 41 anos, e a passageira Marilza de Jesus, 28, sofreram ferimentos leves.

As três vítimas só foram descobertas, pelos policiais rodoviários, quatro horas depois. Isso porque ao esvaziar o estacionamento, os motoristas de dois caminhões não foram localizados. ?Só então o guincheiro que estava no local informou que viu diversas pessoas pulando a mureta de proteção, que tem entre um metro e um metro e meio de distância. Colocamos a lanterna e vimos as vítimas?, contou o chefe do Posto Rodoviário Federal do Alto da Serra, Edvaldo José Sassá. Segundo ele, duas vítimas eram motoristas de caminhões e um terceiro estava acompanhando um outro motorista. ?O motivo pelo qual eles pularam não podemos afirmar. Pode ser para ver o que teria acontecido, como para prestar socorro às vítimas do caminhão?, comentou Sassá.

Ele disse que surgiram comentários de que uma quarta pessoa teria pulado a mureta, durante a madrugada, mas que a Polícia Rodoviária Federal não tem registros sobre este outro caso.

Curiosos

continua após a publicidade

Sassá informou que quando ocorrem acidentes de trânsito é comum curiosos pararem no local para ver o que acontece. ?É comum acontecerem acidentes em decorrência de outros. Mas o que aconteceu desta vez é raro?, disse.

Quem pára pode virar outra vítima

Andréa Bordinhão

continua após a publicidade

A morte de duas pessoas na última quinta-feira na BR-376 evidenciou o risco que curiosos, ou mesmo pessoas que tenham intenção de ajudar, correm ao parar no local de um acidente. Além de colocar a própria vida e a de terceiros em perigo, muitas vezes os curiosos também atrapalham o trabalho dos policiais e socorristas.

?Na grande maioria das vezes, a pessoa, que pára ver ou ajudar no acidente, se torna potencial vítima?, salientou o assistente do comando do Corpo de Bombeiros do Paraná, tenente Mário Sérgio Garcez. Por isso, explicou, a primeira orientação é sempre se preocupar com a própria segurança e em seguida a do local. E só depois que tiver certeza que está seguro deve haver aproximação para prestar atendimento.

Segundo Garcez, é importante lembrar que a primeira atitude diante de um acidente é a sinalização, com os triângulos dos veículos ou mesmo arbustos se não houver outra alternativa, para que terceiros não se envolvam, principalmente quando o acidente aconteceu depois de uma curva, numa baixada ou em local com nevoeiro. E é preciso observar algumas distâncias mínimas para sinalizar. Se for uma rodovia onde os carros andam a 110 km/h é preciso colocar sinalização pelo menos 165 metros antes.

A tentativa de ajudar também pode ser prejudicial. Se a pessoa não tem noção básica de primeiros socorros, por exemplo, pode prejudicar ainda mais a vítima caso tente qualquer resgate ou atendimento.

Curiosos

?Só os primeiros que chegam devem parar, mas de forma consciente?, ressaltou o assessor militar do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), socorrista formado pelo Siate e instrutor de direção defensiva, capitão da Polícia Militar (PM) Alexandre Bruel Stange. Segundo ele, muitas pessoas param os carros em qualquer lugar, expondo o local e as pessoas a riscos. ?Falta consciência de onde estacionar. Parar em qualquer lugar e só ligar o pisca-alerta não resolve?, explicou.

O capitão ressaltou que parar só por curiosidade não ajuda em nada, mas muitas vezes atrapalha. ?Se não pode ajudar, não pare. Às vezes, por querer olhar ou saber o que aconteceu as pessoas acabam tumultuando o local do acidente, fazem aglomeração na via pública e até podem prejudicar o trabalho dos socorristas?, concluiu.