O fato de suspeitos de crimes serem mortos antes mesmo de ir a julgamento indica que no Brasil há um “Estado paralelo”, que estabeleceu a pena de morte, opina a promotora Marcela Marinho Rodrigues. Responsável pela Promotoria de Inquéritos Policiais de Crimes Dolosos contra a Vida, que faz o acompanhamento do trabalho policial na investigação de assassinatos, Marcela diz que só uma atuação “mais organizada e presente” do Estado evitaria essa situação.
Segundo ela, o assassinato de criminosos é consequência das rixas entre gangues, muito mais do que da demora do Estado em punir os crimes.
Mas ela afirma que é preciso atuar em duas frentes para reduzir o problema: reprimindo o crime com mais rapidez e eficiência, e atuando preventivamente ao urbanizar áreas pobres e fornecer serviços básicos à população.
Para Michel Misse, do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ, o que se criou no país foi um círculo vicioso. “O que se quer é que a polícia esclareça o crime, que se saiba quem foi que fez, e que essa pessoa seja processada judicialmente na forma da lei. Quando não se consegue fazer isso direito estamos no pior dos mundos, porque vamos ter bandidos matando e policiais matando bandidos, e aí é um circulo vicioso, de acumulação social da violência”, diz.