Crime organizado ameaça funcionários do Sistema Penitenciário

Uma suposta lista, feita pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), com pessoas que estariam condenadas à morte, preocupa as autoridades do Paraná. Informações da existência desses nomes correm há mais de duas semanas. Para evitar pânico, diretores de unidades prisionais negam a informação, dizendo que não receberam nenhuma ameaça. Porém não desmentiram a existência da relação. Ontem, o advogado Dálio Zippin Filho, do Conselho Penitenciário do Paraná e membro da OAB, confirmou que existem pessoas ameaçadas pelo PCC. Também a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, Sandra Márcia Duarte, em entrevista a uma emissora de TV, assegurou que as ameaças existem, e que já teria informado as autoridades sobre elas, há pelo menos 20 dias. No início da noite de ontem, uma fonte garantiu que providências estão sendo tomadas de forma sigilosa e que realmente há preocupação em proteger funcionários do sistema penitenciário paranaense.

Há anos existem comentários a respeito de listas com nomes de funcionários que o PCC quer matar. Depois de tempos esquecido, o assunto voltou à tona devido a duas mortes que ocorreram em março e abril últimos. O estudante Miguel Baron Neto, 15 anos, filho de um agente penitenciário de Piraquara, foi executado a tiros dentro de sua própria casa, no Bairro Alto, dia 7 de abril. O estudante teria sido morto por engano, pois o real alvo seria seu pai. Ao lado do corpo, os bandidos deixaram uma faixa branca, escrita em vermelho: "abaixo a opressão". Exatamente um mês antes desse assassinato, em 7 de março, o agente penitenciário Carlos Alberto de Castro, 48 anos, foi morto a tiros dentro de seu bar, em Pinhais. Outros agentes penitenciários também já foram "presenteados" com bombas, entre outras ameaças, nos últimos meses. As mortes foram o estopim para a tomada de cuidados especiais. Alguns agentes mudaram de carros, outros, trocaram de endereço.

Monitoramento

Zippin Filho também afirma que a lista existe, onde constam nomes, telefones, endereços, placas de carros, horários e trajetos percorridos pelos funcionários do sistema penitenciário. O advogado acredita que ninguém mais seria executado porque o PCC estava "de bem" com o sistema. Agora, com o rodízio de líderes do PCC nas cadeias de São Paulo, a ameaça que a lista seja levada adiante novamente se tornou real.

Há dois anos, o próprio Zippin Filho já teria sido ameaçado pelo comando. Na época, ele procurou a Tribuna para divulgar a carta em que foi ameaçado, e junto com ele, outras pessoas seria mortas. Até mesmo uma chácara teria sido alugada para ser usada nas execuções.

Organização

Uma das pessoas que disse estar sendo ameaçada contou que o PCC é organizado a ponto de possuir um departamento especializado em cadastro. Tal departamento seria responsável por apurar nomes de presos em condições de liberdade condicional. Os nomes são passados a advogados que trabalham para o PCC, para que agilizem as solturas. Na rua, esses presos ficam com a obrigação de pagar o "favor", e começam a trabalhar a mando do comando. Seriam estes bandidos que estariam ajudando a montar as listas e monitorando as vítimas.

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