Crime familiar assusta população de Piraí do Sul

A pacata cidade de Piraí do Sul, a 60 quilômetros de Ponta Grossa, onde se registram pouquíssimas ocorrências policiais, foi sacudida por um frio assassinato, ocorrido há duas semanas. Mas o choque maior aconteceu nesta terça-feira, com a notícia da prisão dos acusados. São quatro irmãos, de uma família bastante conhecida na comunidade, acusados de ter mandado matar um outro irmão, Paulo César Bracisievski, 29 anos, conhecido como “PC”. Outros dois homens, que também teriam participado do homicídio, foram detidos na manhã do mesmo dia, em operação policial comandada pelo delegado Lauro Gritten.

O delegado apurou que havia uma desavença entre os irmãos Bracisievski por causa de dinheiro. Sérgio, Inácio, Jorge e Antônio Carlos, o “Chicão”, estariam devendo quase R$ 50 mil para “PC”, que era discotecário da danceteria Clube Alvorada, de propriedade dos quatro. “PC” trabalhava como DJ no clube e vinha reclamando, há alguns meses, pagamentos não recebidos, que chegavam a R$ 47 mil, segundo as investigações.

Além disso, “PC” estava se preparando, com outros amigos, para inaugurar uma danceteria na mesma rua do Clube Alvorada. O novo clube abriria as portas no início de dezembro. “PC” se transformaria, assim, em concorrente e rival dos irmãos.

Execução

Na noite de sábado, dia 9 de novembro passado, “PC” trabalhou normalmente no clube dos irmãos. Saiu a pé, já na madrugada de domingo, e ainda passou em outro local antes de tomar o rumo de casa. O rapaz foi morto a poucos metros da residência, com dois tiros na cabeça, disparados a pouca distância. Tombou na rua, ainda com as mãos no bolso. “A forma como ele foi executado deixou claro que quem o matou era uma pessoa conhecida. Ele não teve chance de defesa, foi executado”, comentou o delegado Gritten, que já foi perito criminal e havia assumido a delegacia de Piraí do Sul apenas uma semana antes do crime.

O choque causado pela morte de “PC”, uma figura conhecida em Piraí e querida pela população, mexeu com a cidade. A princípio, contou Gritten, chegaram a ser cogitadas hipóteses de crime passional – o rapaz estava separado da esposa – e até mesmo assassinato por vingança. “Muita gente achava que podia ter sido rixa com algum freguês do clube”, observou o delegado. Decidido a elucidar o caso, Gritten mobilizou a equipe de três investigadores e passou a apurar todas as informações sobre a vida do DJ.

Acabou chegando ao dono de uma lanchonete, conhecido como “Baiano” – um dos seis detidos. Ele disse que havia sido contratado para matar “PC”. Chegou a receber R$ 500,00 pelo “serviço”, mas acabou desistindo, e ficou com o dinheiro.

Quem contratou “Baiano” foi César Antônio Godoy, que também foi preso anteontem. Godoy era o elo com os quatro irmãos Bracisievski. Eles haviam acertado o “serviço” com Godoy dois meses antes, por R$ 3 mil, pagos na hora do acerto, e a promessa de mais R$ 3 mil e um emprego na danceteria, depois de consumada a execução.

Godoy não quis “sujar as mãos” e contratou “Baiano”. Com a desistência dele, e a pressão dos quatro irmãos – a danceteria de “PC” estava prestes a ser inaugurada – Godoy acabou assumindo a tarefa e matou o discotecário.

De acordo com o delegado Gritten, até ontem, dois dos irmãos Bracisieviski haviam confessado o crime, e os demais negavam. “Estamos bem embasados, com provas suficientes para manter as acusações”, concluiu o delegado. Ele espera que agora a cidade volte à tranqüilidade de sempre. “É um povo muito bom, trabalhador e religioso”, comentou.

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