Crime contra líder do MST em Ortigueira foi vingança pessoal

O inquérito policial sobre a morte do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Eli Dallemole, deve ser entregue hoje à Justiça. Segundo a delegada do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Vanessa Alice, as investigações revelam que o crime teria sido motivado por uma vingança pessoal, já que Odenir Souza Matos, conhecido como ?Zezinho?, era integrante do acampamento e teria atirado no sem terra por ter sido expulso meses atrás.

Eli Dallemole foi morto no último domingo em Ortigueira, região dos Campos Gerais. Ele levou quatro tiros à queima-roupa, na casa onde morava. A polícia não teve muito trabalho para chegar aos suspeitos da autoria do crime. A delegada disse que o Cope já trabalhava na região, investigando desde fevereiro uma tentativa de homicídio sofrida por Eli.

Acreditava-se que a morte teria sido encomendando por Adilson Honório de Carvalho, proprietário da fazenda Coopramil, que foi invadida pelo MST. A situação estava tensa e os agricultores vinham sofrendo várias ameaças. No início do mês passado, um grupo armado invadiu o local, fez as famílias de refém por várias horas e queimou vários barracos.

Mas, segundo a delegada, a motivação para o crime teria sido pessoal. Odenir era um integrante do acampamento, mas estaria trabalhando para o dono da fazenda. Ele tentou convencer os trabalhadores a deixarem a área. Mas o MST acabou expulsando-o do acampamento.

Na casa de Odenir, a polícia encontrou uma arma calibre 38, mesmo modelo usado para cometer o crime. O acusado disse também em depoimento que no mesmo dia da morte de Eli teria usado a arma, dando três tiros em um tatu que achou na estrada. Além disso, na casa dele também foi encontrada duas toucas parecidas com as usadas pelos dois autores do assassinato.

Na casa do outro suspeito, Valderi Aparecido Ortiz, foi encontrada mais uma arma, além de uma calça e uma botina que teriam manchas parecidas com sangue. Todo o material foi encaminhado para perícia, além de três projéteis que teriam transpassado o corpo de Eli. O inquérito deverá ser encaminhado ainda hoje à Justiça. A viúva de Eli também reconheceu os autores dos disparos.

Continuam presos Adilson de Carvalho, Genivaldo Carlos de Freitas, conhecido como ?Jango? e José Moacir Cordeiro. Existe a suspeita de que eles tenham participado da expulsão dos sem terra, fato que acabou colaborando para a morte de Eli.

Ontem, o clima continuava tenso na fazenda Coopramil. Os integrantes do MST resolveram voltar a ocupar o local de onde foram expulsos pelos pistoleiros.

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