Um menino de três anos foi ferido com 10 bolinhas de chumbo no rosto, no fim da manhã de domingo (01), depois que uma arma artesanal disparou em sua direção, dentro de casa.
Segundo o relato do pai, a criança estava brincando com o irmão de seis anos, que teria pego a arma em cima do armário, carregada com pólvora e chumbinhos. Dois estilhaços atingiram os olhos do menino, que à noite passou por cirurgia no Hospital Evangélico.
Os médicos do pronto-socorro de oftalmologia constaram que um chumbinho parou na metade do olho direito e outro alcançou o fundo do globo ocular esquerdo.
Após a cirurgia, a equipe médica que atendeu o garoto ficou esperançosa com a possibilidade de que a visão no olho direito seja recuperada, já que do olho esquerdo, infelizmente, o menino perdeu a visão.
Contudo, segundo a assessoria de imprensa do Hospital Evangélico, somente durante a semana, após a recuperação da cirurgia, é que os médicos saberão se ele enxergará com o olho direito.
Ele tinha sido socorrido pelo pai logo após o disparo, e levado de carro até uma unidade de saúde 24 horas do bairro Guatupê, em São José dos Pinhais, onde a família tem um bar, na Rua Madre Tereza de Calcutá, com a residência em anexo. Depois de receber atendimento emergencial, a criança foi transportada de ambulância ao hospital.
À tarde, o pai foi para a delegacia da cidade, prestar depoimento. “Ele disse que não viu como aconteceu. Os meninos estariam sozinhos brincando, segundo relatou. A arma estava guardada, mas pronta para ser usada”, disse o investigador Gustavo. Conforme descrição do policial trata-se de um pedaço de madeira cortado em forma de arma, com um cano de metal e sistema de carregamento parecido com da garrucha. “Foi fabricada em casa e lembra o estilo de armas bastante antigas”.
A polícia também informou que o garoto de 6 anos alegou ao pai apenas ter visto o caçula atirar contra si mesmo. Mas a vítima teria acusado o irmão mais velho de disparar a arma. O pai pode ser acusado por omissão de cautela, crime previsto no artigo 13 da lei federal 10.826/2003. Se condenado, pode pegar pena de um a dois anos de prisão, além de multa.
Caso parecido
Porém, no fim do ano passado, juízes do Tribunal de Justiça do Distrito Federal absolveram um pai que também foi acusado por falta de cautela com arma. O caso foi bastante semelhante com este em São José dos Pinhais, mas terminou com a morte de um menino de 9 anos. O irmão dele, de 12, pegou o revólver 38 do pai para mostrar ao caçula e disparou por acidente. “As consequências da infração atingiram de forma tão grave o acusado que a sanção penal tornou-se desnecessária”, diz o despacho do TJ-DF.