Quando não resultam em morte, as agressões deixam sequelas físicas e emocionais nas mulheres que sofreram este abuso. Muitas estão procurando a Delegacia da Mulher antes que a situação fique ainda mais grave. No último quadrimestre, a principal queixa na delegacia especializada em Curitiba foi ameaça, seguida por crimes contra a honra (xingamentos, por exemplo). O terceiro lugar ficou com as lesões corporais.
“Percebemos um aumento na quantidade de boletins de ocorrência registrados em todo o decorrer deste ano. Em média, fazemos na delegacia 700 boletins por mês, fora o que recebemos de outros distritos e da Polícia Militar”, comenta Sâmia Cristina Coser, delegada operacional da Delegacia da Mulher de Curitiba.
Bola de neve
A situação vulnerável em que a mulher se encontra pode virar uma “bola de neve” para a sociedade. Segundo levantamento do Disque 180 (específico para o atendimento para mulheres em situação de violência), citado pela delegada, mais de 50% das vítimas somente denuncia o companheiro na quarta agressão. “Quando é namorado, a mulher normalmente denuncia na primeira vez que sofre qualquer tipo de violência. Mas quando é casamento, geralmente já ocorreram várias agressões antes da mulher denunciar. Só se faz a denúncia quando a situação é extrema e já saiu do controle”, explica Sâmia.
Situação é mais perigosa com ex-maridos
O nível de agressão pode variar diante do momento vivido pelo casal e pela reação da mulher diante do crime. Ela vai precisar analisar o que é melhor para ela, mas deve acima de tudo tentar manter a calma e acalmar o agressor.
“As agressões mais graves ocorrem quando o homem estava excessivamente agressivo e a mulher tentou enfrentá-lo. Há casos de mulheres com membros decepados, de facadas. Nós aconselhamos cuidado ao enfrentar. Claro que haverá situações em que ela vai ter que fugir. Talvez seja melhor acalmar a situação, chamar uma terceira pessoa, esperar a pessoa dormir para depois sair de casa”, declara a delegada.
Para ela, as situações mais perigosas são relacionadas aos ex-maridos ou ex-namorados que não aceitam o fim do relacionamento. “As mulheres devem procurar não andar sozinhas, não ficar sozinhas em casa, trancar tudo muito bem. É melhor ‘se esconder’ e estar viva”, explica Sâmia.