Uma cena tétrica. Três corpos femininos estendidos em uma clareira, no meio de um matagal na Fazenda Palmital, localidade do mesmo nome, em Araucária. As três mulheres foram executadas com tiros na cabeça e uma delas ainda levou um disparo na coxa esquerda. Todas as vítimas seguravam nas mãos um isqueiro, uma delas tinha uma tampinha de Chocomilk no bolso, outra carregava uma pedra de crack no sutiã. Moradores viram um Corsa, bege ou branco, encostar próximo ao matagal. Às 9h de ontem ouviram os disparos e em seguida o veículo deixou o local, mas ninguém soube precisar quantas pessoas estavam dentro dele.
Pedro Lemos, proprietário da fazenda, situada a cinco quilômetros da Rodovia do Xisto, foi quem acionou a polícia por volta das 11h. Ele foi avisado pelo caseiro, que viu o Corsa passar pela porteira e encostar no local. Depois ouviu os disparos. “Fui ver o que tinha acontecido, encontrei os três corpos e avisei a polícia. Não tinha certeza se eram mulheres porque os cabelos estavam sobre o rosto”, informou Pedro.
Nenhuma das vítimas possuía documentos e até o final da tarde de ontem nenhum familiar havia comparecido ao Instituto Médico-Legal de Curitiba para identificar os corpos. Uma das mulheres tem uma borboleta tatuada na perna e a outra tem uma tatuagem da suástica (símbolo do nazismo) na mão. Todas vestiam calças compridas e são brancas. Uma tem cabelos castanho-escuros, outras castanho-claros e a terceira tem o cabelo tingido de louro. Elas aparentam ter entre 30 e 35 anos.
Queima de arquivo
A polícia não acredita que o crime tenha sido motivado pelo tráfico de drogas e tudo indica que não houve violência sexual. “Não há sinais de luta no local. Acreditamos que elas entraram na clareira por livre e espontânea vontade para fumar crack. Elas foram atraídas para o uso de tóxico e depois executadas por dois ou três homens”, disse o delegado Jairo Estorílio, da delegacia de Araucária.
Ele suspeita que os autores sejam assaltantes e mataram as mulheres por acreditar que elas os denunciaram à polícia ou porque sabiam demais. “Provavelmente eram envolvidas com marginais de alta periculosidade. Pela perversidade empregada devem ser assaltantes, já que este tipo de criminoso também usa drogas. As vítimas devem ter se divertido durante a madrugada e depois foram para o local somente para usar drogas. Tanto que havia garrafinhas de Chocomilk jogadas. Uma das tampinhas foi guardada no bolso, para vaporizar a droga e aspirar”, disse o delegado. Outra convicção da polícia é que os criminosos conheciam o local do crime e de que as vítimas não eram garotas de programa. “Estivemos em boates da região e não há garotas semelhantes”, comentou o delegado.
De acordo com a perita Gisele Floriano, os tiros foram efetuados próximo às vítimas. Ela não soube precisar o calibre da arma e nem o número de disparos. “Há muito sangue e as vítimas têm cabelos compridos e grande volume na nuca, o que dificulta. Uma análise com mais precisão será feita durante a necropsia no IML”, frisou.