Uma menina de 9 anos foi brutalmente assassinada e teve o corpo abandonado dentro de uma mala de viagem, encontrada na noite de terça-feira, na Rodoferroviária de Curitiba. Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre desapareceu no final da tarde de segunda-feira.
Ela saiu do Instituto de Educação Professor Erasmo Pilotto, onde estudava – no centro -, para pegar um ônibus na Praça Rui Barbosa e voltar para casa, na Vila Guaíra. A cena do crime chocou policiais e testemunhas.
A menina estava seminua, com uma sacola plástica amarela amarrada na cabeça e um saco plástico azul envolvendo o corpo. Um lençol e um sobre-lençol, ambos na cor verde, também foram usados para enrolar o cadáver. Havia marcas de estrangulamento no pescoço e sinais de violência sexual.
Por volta das 20h de terça-feira, um grupo de índios que costuma pernoitar no vão da escada da ala estadual da rodoferroviária, percebeu que entre seus pertences havia uma mala preta diferente, bastante pesada. Eles esperaram até por volta da 1h que o dono aparecesse.
Como ninguém foi buscar a mala, chamaram os seguranças. Na tentativa de encontrar documentos do proprietário, os seguranças a abriram e descobriram o corpo. A menina morta vestia apenas uma camiseta do Instituto de Educação, meia em um dos pés e um cordão prateado no pescoço.
A vítima não estava identificada, porém, havia a informação do desaparecimento de uma garota no Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride). A família foi avisada e, durante a madrugada, foi confirmado no Instituto Médico-Legal que se tratava de Rachel.
Rachel fazia sempre o mesmo trajeto do colégio para casa. O Instituto de Educação fica na Rua Emiliano Perneta. Ela saía de lá e pegava ônibus na Praça Rui Barbosa, até a Vila Guaíra.
De acordo com a polícia, testemunhas confirmaram que viram Rachel, por volta das 17h30, caminhado sozinha até a praça. “Ainda não sabemos se ela pegou o ônibus”, disse o delegado Naylor Robert de Lima, da Delegacia de Homicídios.
Câmeras
A polícia pediu as imagens captadas pelas câmeras instaladas nas imediações da Praça Rui Barbosa e na rodoferroviária. “Vamos analisar as imagens em busca de algum suspeito”, declarou.
Familiares deverão ser ouvidos nos próximos dias. “Vamos respeitar esse momento de dor da família e, depois, teremos que ouvi-la para adotar uma linha de investigação”, disse Naylor.
Pelos sinais de violência sexual, surgiram comentários de que poderia se tratar de um caso de pedofilia, mas a polícia diz que ainda é cedo para afirmar alguma coisa.
Mesmo assim, o computador que ela usava deverá ser analisado para descobrir seus últimos contatos. “A menina costumava acessar a internet. Alguém pode ter marcado um encontro com ela, mas são apenas suposições”, reiterou o policial.
Sozinha desde maio
Giselle Ulbrich
A mãe de Rachel levava e buscava a menina na escola todos os dias. Porém, depois de separar-se do marido, ela arranjou emprego como professora numa creche, no Fazendinha, e não pôde mais acompanhar a filha. Desde maio último Rachel passou a fazer o percurso sozinha.
Apesar de esperta e comunicativa, Rachel pode ter sido enganada pelo assassino, provavelmente no trajeto até o ponto de ônibus, ao voltar para casa. O assunto das pessoas que transitavam pela Rua Voluntários da Pátria e a Rua Pedro Ivo – na quadra da Praça Rui Barbosa – foi o mesmo, ontem: a menina de apenas 9 anos que andava sozinha naquele trecho e foi assassinada.
Em casa
Vizinhos de Rachel revelaram ontem que, com exceção de quando estava voltando do colégio para casa, ,ela quase não era vista na Rua Augusto de Mari, onde morava com a mãe e o irmão de quatro anos, na Vila Guaíra. “Gostava de brincar de boneca e de escola”, contou Michele Vernick, moradora na casa ao lado.
Anísia Remes, outra moradora da rua, lembrou que a menina costumava brincar no jardim de casa, sempre vigiada por alguém. A família parecia muito unida e todos os anos as duas crianças ganhavam animadas festinhas de aniversário.
Colégio de luto
A morte de Rachel provocou consternação no Instituto de Educação. Alunos espalharam mensagens de luto pelas janelas, ao lado de enormes faixas pretas. Um cartaz dizia: “Rachel Maria! A distância nos traz a saudade, mas nunca o esquecimento”, turma 8.ª C.
Ela cursava a 4.ª série e, em 2007, ficou em terceiro lugar em um concurso de redação promovido pela Biblioteca Pública do Paraná. O diretor do Instituto, Frederico de Mello, não quis falar sobre a aluna, atendendo pedido da polícia.
Inteligente e precoce
Márcio Barros
De uma forma precoce, a pequena Rachel participava do site de relacionamento Orkut, onde tinha vários amigos e conversava diariamente com eles. Logo que souberam de sua morte, muitas pessoas deixaram recados solidarizando-se com a família.
As senhas que ela utilizava serão repassadas pela família à polícia, para investigação, já que não é descartada a possibilidade de ela ter sido aliciada por uma rede de pedofilia.
Principalmente por ela ter sofrido violência sexual. No Orkut, a menina assinava o nome com uma grafia diferente, pelo qual era reconhecida pelos amigos, e declarava ter 20 anos, pois para se cadastrar no site é obrigatório ter idade superior a 18 anos.