A polícia de Paranaguá pode estar diante de um intrincado caso de magia negra, em que a oferenda foi o corpo de uma menina com poucos dias de vida. O bebê foi encontrado na tarde de quinta-feira, em uma mata fechada, próximo a um rio e a várias oferendas. Apesar dos indícios, o delegado do município, José Antônio Zuba de Oliva, não acredita que se trate de um ritual macabro.
O corpo foi achado por volta das 14h30, por funcionários da Copel que faziam a limpeza do local, perto de algumas torres de alta tensão. O bebê, que vestia tip-top e estava envolto em uma fronha e uma coberta, foi deixado sobre um monte de pedras, em um barranco. Cerca de 20 metros abaixo, às margens do rio, havia algumas oferendas, como balas, velas, um bolo com uma vela de sete dias, sete panos bordados com motivos infantis e desenhos de corações.
De acordo com o perito criminal Amilton da Silva Mendes Filho, trata-se de um bebê recém-nascido que foi abandonado há pelo menos dez dias. ?O corpo está em avançado estado de decomposição e, por isso,
não podemos precisar a causa da morte. O que percebemos é que não houve mutilações?, disse ele, lembrando que também não é possível saber se o bebê nasceu morto ou se foi assassinado. O resultado do laudo de necropsia deve ser concluído nos próximos dez dias.
Escondido
Quem escolheu o lugar para deixar o corpo do bebê teve que andar por 500 metros em mata fechada, se escorar em barrancos e ainda atravessar um riacho. Para o delegado, a existência das velas e balas a alguns metros do cadáver não significa que se trata de magia negra. ?O corpo foi deixado no local há mais tempo que as oferendas, que não estavam ao redor do bebê. Não acredito em magia negra, mas esta é uma possibilidade que não pode ser descartada. Os doces podem ter sido deixados no local, na quarta-feira, quando foi dia de Cosme e Damião?, disse o delegado, lembrando que, para esclarecer o mistério, os policiais já iniciaram as investigações para identificar a mãe da criança, que provavelmente é moradora do município.
O Morro Inglês é usado por muitas pessoas para fazer oferendas, despachos e macumbas. Além de estar localizado em um ponto alto da Serra do Mar, e ser de mata fechada, um rio com quedas corta a região. ?Aqui é comum vir gente vestida de branco, com turbante na cabeça. Eles deixam bacias com comida e velas. Pra mim eles deixaram essa criança viva aqui como uma oferenda, e ela morreu de fome e de frio?, disse uma das moradoras da região.
Identificada mãe que jogou filho na fogueira
A delegacia de Paranaguá já identificou a mãe que ateou fogo ao próprio filho, recém-nascido, no último dia 6. Ela foi interrogada e depois liberada, uma vez que estava no período de depressão pós-parto, sofrida pela mulher em conseqüência do parto.
Por volta das 13h do dia 7, o menino foi encontrado carbonizado ao lado de sacos de lixo, também queimados, na via marginal à linha férrea, na Vila Paranaguá. Os policiais iniciaram as investigações e, no dia 19, o escrivão Armando Gonçalves identificou a mãe através de registros em hospitais do município. De acordo com o delegado José Antônio Zuba de Oliva, a mulher, que já é mãe de duas crianças, é prostituta e viciada em crack.
Na delegacia a mulher relatou que, por volta das 23h30, foi até a linha férrea e lá encontrou alguns dormentes jogados. Ela ateou fogo aos pedaços de madeira e jogou o filho vivo nas labaredas. ?Ela não deu qualquer desculpa pelo crime, contando apenas que não sabia quem era o pai da criança. Fui obrigado a soltá-la, pois, pela legislação ela não pode ser presa, pois estava no período pós-parto?, finalizou o delegado.
Sufocado com a calcinha da mãe
Valéria Biembengut
Há dez dias um bebê foi encontrado morto em Antonina. O menino estava dentro de uma sacola plástica, sufocado pela calcinha da mãe. Após abandonar o filho, a mulher procurou um hospital e o crime foi descoberto. Ela foi presa, mas foi liberada após pagamento de fiança. O que revoltou a população da cidade.
O delegado Rubens Miranda Júnior, da delegacia da cidade, contou que a mulher, de 25 anos, já tinha dois filhos de pais diferentes, e após ficar grávida novamente de um outro, preferiu não comunicar sua família. ?Quando ela deu à luz, estava em uma festa na Apae da cidade. Foi ao banheiro, onde a criança nasceu?, relatou o delegado.
O crime foi descoberto porque, após o parto, a mulher procurou o hospital da cidade e a médica descobriu que ela teve uma criança horas antes. ?Primeiro negou, mas, depois, nos levou até o local onde abandonou o bebê?, contou o delegado.
A mulher relatou à polícia que colocou o bebê dentro da sacola e tapou a boca com a própria calcinha, para evitar que a criança chorasse. ?Ela disse que não pretendia matar o filho, só abandoná-lo. Porém, os exames do Instituto Médico-Legal constataram que a criança levou vários golpes que perfuraram a cabeça. Não sabemos se foi utilizado uma faca, tesoura ou outro objeto?, disse o delegado.
Miranda contou que como não havia laudo no momento da prisão, autuou a mulher por infanticídio, que prevê pagamento de fiança. ?A população ficou revoltada, mas fiz o que a lei determina?, justificou.
