Passado quase um mês, continua o impasse sobre o destino que terá o corpo da empresária suíça Christine Pinzon Keller, 34 anos, que está no IML de Curitiba desde quando foi encontrado pela polícia, no dia 4 deste mês, enterrado nos fundos de uma casa na Vila Sandra, ao lado de seu namorado Cristiano Henrique Brande Camilo, 28 anos. Os dois foram vítimas de latrocínio e um dos autores do assassinato está preso.
O ex-marido de Christine, Richard Keller, que reside na Europa, solicitou ao consulado que promovesse a liberação do cadáver no IML da capital paranaense e todo o trâmite necessário para a cremação deste e envio das cinzas para os familiares na Suíça. O pedido de Richard ainda não pôde ser atendido por causa de entraves na lei brasileira. Segundo o advogado Elias Mattar Assad, designado pelo Consulado Geral da Suíça no Brasil para cuidar do caso, a lei brasileira é muito rígida neste sentido e a liberação do corpo e conseqüente cremação somente será autorizada através de uma ordem judicial. Segundo o advogado, a ordem judicial está sendo providenciada e deverá estar pronta nos próximos dias. “Na próxima quinta-feira espero dar entrada nos documentos e já na sexta-feira, se tudo correr bem, espero receber a autorização para cremação do corpo” explicou Assad.
Ele ressalta que os rigores da lei nacional são justificáveis pois no caso de morte violenta, como ocorreu, existe a possibilidade legal de ser requerido no processo – tanto pelo Ministério Público como por advogados defensores – a exumação do cadáver em caso de dúvidas. A cremação do corpo impossibilitaria essa ação. Como ocorreu um latrocínio e o caso já se encontra numa fase bastante adiantada de investigação, o advogado acredita que não haverá problemas para que a Justiça conceda o documento que regularize a situação do corpo e que atenda à determinação de cremação solicitada pelos familiares da empresária suíça.
O atraso na liberação do corpo se deve ao parágrafo segundo do artigo 77 da lei 6015/73 que estabelece o seguinte: “A cremação de cadáver somente será feita daquele que (em vida) houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por dois médicos ou um médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada por uma autoridade judiciária”.
Morte
Christine e Cristiano foram mortos no dia 28 de novembro e enterrados numa fossa na casa de Jean Francisco Schamposki Maceno, 26 anos, autor confesso e amigo de infância de Cristiano. Jean foi preso um dia após os corpos serem descobertos e a polícia investiga o envolvimento de outras pessoas nos assassinatos. Segundo o depoimento de Jean, além dele, apenas um amigo identificado pela polícia como Cláudio Chaves, participou dos crimes, que foram motivados por dinheiro. Cláudio continua foragido e tem um mandado de prisão expedido. As investigações estão sendo realizadas pelo Cope (Centro de Operações Policiais Especiais), através do delegado Vinicius Augustus de Carvalho.