O ex-comandante dos bombeiros coronel Jorge Luiz Thais Martins, acusado de assassinar nove pessoas e balear outras cinco, deixou, às 18h30 de ontem, o quartel dos bombeiros, no Portão, onde estava preso desde 28 de janeiro.

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Segundo a defesa, o Tribunal de Justiça do Paraná acatou o pedido de habeas corpus por reconhecer que a prisão não foi devidamente fundamentada e porque a liberdade do acusado não deverá interferir nas investigações.

Em frente ao quartel, o coronel agradeceu à Justiça, aos advogados e à família. Ele reafirmou inocência e disse nunca ter circulado pelos locais onde ocorreram os nove assassinatos, entre agosto e janeiro.

“Em determinado momento meu nome foi envolvido nessas barbáries. Fui reconhecido em locais que nunca passei e por pessoas que nunca vi, mas confio na Justiça. Trabalhei 37 anos da minha vida cumprindo a lei”, declarou Martins.

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Dúvidas

Um dos advogados do coronel, Sílvio Micheletti, que está no caso desde o início, disse que a defesa será construída na negativa de autoria. “Pesam sobre as testemunhas a dúvida do estado em que elas participaram do reconhecimento, visto que elas poderiam estar sob o efeito de entorpecentes.

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Além disso, o coronel é uma pessoa pública, por ter exercido por 37 anos uma atividade com visibilidade. As pessoas podem ter reconhecido a figura dele, porém, ninguém afirmou que ele cometeu o crime”.

Projéteis recolhidos são evidências fracas


Mara Cornelsen

Arquivo
Fotos em locais de morte no Pilarzinho (20/06/10), Osternack (05/04/10) e Boa Visa (24/02/10).

A Delegacia de Homicídios deve começar a ouvir hoje pelo menos dois dos dez policiais militares que foram os primeiros a chegar a cinco locais onde aconteceram assassinatos atribuídos ao coronel Jorge Luís Thais Martins.

Outras testemunhas afirmaram ao delegado que investiga o caso, que PMs recolheram cápsulas deflagradas que estavam próximas dos corpos, alterando assim o local do crime. Este procedimento não é recomendado, já que a determinação é isolar a área, para que peritos do Instituto de Criminalística possam trabalhar.

Porém, é comum policiais recolherem cápsulas para facilitar a ação do perito criminal, que trabalha sozinho, fotografa o local, faz medições e analisa a situação, sem ter qualquer auxiliar para isso.

Em diversos casos (veja fotos) o Paraná Online fotografou projéteis nas mãos de PMs ou já envelopados para a perícia, sem que tal atitude fosse contestada pelos responsáveis pela investigação ou denunciadas por testemunhas.

Cuidados

Por este se tratar de um caso de grande repercussão e por, até agora, não existirem provas materiais, apenas testemunhais, a Delegacia de Homicídios terá grande trabalho e cuidado em todas as investigações.

O delegado Cristiano Augusto dos Santos informou que é praxe ouvir os policiais nas investigações conduzidas por ele e que ainda não sabe se as cápsulas recolhidas foram entregues ao Instituto de Criminalística, porém afirma que, se isso foi feito, não consta em anotação no boletim de ocorrência preenchido pelos policiais militares, “como deveria”.