A polícia está atrás do coronel Jorge Luiz Thais Martins, ex-comandante do Corpo de Bombeiros, acusado de envolvimento em nove assassinatos. Todos os crimes ocorreram no Boqueirão, bairro onde o filho dele, Jorge Guilherme Marinho Martins, 26, foi morto por assaltantes, em outubro de 2009.

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Segundo o inquérito policial, o alvo do coronel eram usuários de drogas da região, mas as vítimas não tinham ligação com a morte do filho. A série de homicídios teria começado depois que os suspeitos do crime foram liberados por falta de provas.

O ex-comandante responde a cinco inquéritos policiais, referentes a quatro duplos homicídios e um homicídio simples. Quatro casos estão na Delegacia de Homicídios e um já está na Justiça.

Na manhã de ontem, policiais foram até a residência do ex-comandante para cumprir mandado de prisão e de busca e apreensão. Porém, Jorge Luiz não estava e, após uma hora de vistoria, nada foi encontrado.

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Os crimes teriam sido praticados a partir de agosto do ano passado. Os comentários são que o coronel revoltou-se depois que dois viciados, suspeitos de matar seu filho, foram liberados por falta de provas.

Filho

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O estudante Jorge Guilherme foi assassinado durante tentativa de assalto, na manhã de 22 de outubro de 2009. Ele deixava a namorada na casa dela, quando um marginal abordou o casal e deu voz de assalto. Jorge reagiu e lutou com o bandido. Na briga, um disparo foi efetuado e acertou de raspão a garota.

Logo depois, o criminoso se desvencilhou do estudante e o matou com dois tiros. O atirador fugiu sem levar nada, acompanhado de um comparsa, numa motocicleta.

Crimes atribuídos ao coronel

Desde o início de agosto, 25 pessoas foram assassinadas no Boqueirão. A polícia não informou quais crimes são investigados pela participação do coronel. Informações extraoficiais dão conta que Jorge Luiz passava num veículo escuro e efetuava os disparos, e que os crimes eram praticados nas proximidades das Ruas Cleto da Silva e Paulo Setubal, na região conhecida como Favela da Rocinha.

Existem relatos que o atirador deixava bilhete dizendo que ainda restavam mais pessoas a serem mortas e que aquilo seria uma resposta à morte do filho. Por conta disso, se espalharam boatos na vila que Jorge Luiz estaria por trás dos crimes e a informação chegou à Delegacia de Homicídios. A fotografia do coronel foi mostrada a um rapaz baleado na favela, que reconheceu Jorge Luiz como o autor dos disparos.

Vítimas

De acordo com informantes, o último crime atribuído ao ex-comandante foi a morte de Luiz Rosalino Novalski, 45 anos, parente de policiais civis e que seria usuário de drogas, ocorrida no dia 14 deste mês.

Também estaria na lista, o duplo homicídio que vitimou o taxista Luciano Vechi da Silva, 31 anos, e a passageira Vanusa Angioletti, 26, na manhã de 1.´ de janeiro, na Rua Cleto da Silva.

Ele teria participado da morte de quatro pessoas, na noite e madrugada de 7 para 8 de agosto. Rodrigo Martins de Oliveira, 33, e Cristiano Cezar Peicho, 30, foram assassinados na Rua Professor José Nogueira dos Santos, e, pouco depois, foram mortos Emerson Milicio Cardoso, 35, e Rosana Machado, 31, na Rua Paulo Setúbal. O coronel ainda é suspeito de assassinar Luiz Cláudio Pontello, 39, e Amilcar Eduardo Ardnt, 24, na Rua Cleto da Silva, na madrugada de 10 de novembro.

Defesa confronta investigação

Fábio Alexandre
Eurolino: inquérito fraco.

O advogado Eurolino Reis, que trabalha na defesa do coronel, disse que o inquérito é fraco e sem conteúdo suficiente “para expor um homem que dedicou a vida toda ao estado e a salvar vidas”.

“Ele trabalhou 37 anos no Corpo de Bombeiros e chegou no mais alto escalão, e pior, perdeu o filho recentemente e agora perde a lib,erdade por conta de uma investigação mal feita e tendenciosa”, disparou o advogado. Ele disse também que o coronel está abalado, mas mesmo assim vai se apresentar a qualquer momento e provar sua inocência.

Durante a troca de comando do Corpo de Bombeiros, o comandante-geral da Polícia Militar, Marcos Teodoro Scheremeta, disse que estava a par da investigação e deu apoio ao trabalho desenvolvido, tanto pela Delegacia de Homicídios quanto o Ministério Público.

“Todas as informações que passamos para os órgãos de investigação estamos passando para o advogado de defesa. As investigações vão descobrir se há a participação de outros militares. Caso isso seja comprovado todos serão punidos com o rigor da lei, no entanto, eu não acredito que se trate de um grupo de extermínio.”

Perda

O secretário estadual da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, afirmou que não existe um grupo de extermínio, e que a ação do coronel foi um fato isolado, motivado pela perda do filho. Ele disse que a orientação é fazer a investigação com responsabilidade, zelo e técnica.

“O trabalho de investigação foi feito de forma integrada. A Polícia Civil com a materialidade dos casos, com o apoio da área de inteligência da Polícia Militar, e a execução dos mandados de busca e apreensão, feita pela PM. Todo o inquérito foi submetido ao poder judiciário, que embasou o trabalho expedindo os mandados”.

Com relação a exclusividade de uma rede televisão no acompanhamento dos cumprimentos dos mandados de prisão e busca e apreensão, ele disse que poderá instaurar um inquérito para averiguar se houve vazamento de informação. “Todos os veículos devem ser tratados iguais, e se aconteceu algum tipo de privilégio, alguém deve ser punido”, garantiu Reinaldo.

Comando

O coronel Hércules William Donadello assumiu o comando do Corpo de Bombeiros, na noite de ontem, em substituição ao coronel Geraldo Domaneschi, que ficou um ano e seis meses na função.