Acusados de fraudar procurações para vender terrenos, o ex-funcionário de cartório Alexandre de Lima, 20 anos, Norberto Broeto, 54 anos, João de Oliveira, 84, e Dilton Camargo de Souza, 71, foram presos em Curitiba ontem, por policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Simultaneamente, foram presos em Santa Maria do Oeste, no interior do Paraná, Hamilton Schreine e seu neto Fábio Schreine. A polícia ainda procura outras pessoas envolvidas no golpe. Entre elas estão João Roberto Dias Batista Bitencourt, 52 anos, e Valter Rocha Simões.
De acordo com as investigações, o grupo vendeu o mesmo terreno diversas vezes, lucrando mais de R$ 1,5 milhão. Com o grupo, a polícia apreendeu documentos, escrituras originais, cópias de escrituras e computadores. Além de várias pedras preciosas, que serão periciadas para verificar seus valores, e o Corsa, pertencente a Norberto Broeto, que tem um débito junto ao Detran de R$ 566.408,10.
O delegado Miguel Stadler, titular do Cope, disse que a fraude foi descoberta pelo próprio cartório, que desconfiou e acionou a polícia. As investigações começaram há oito meses e apontaram que o grupo falsificou uma procuração para vender um terreno de 20 mil metros quadrados, situado na Cidade Industrial (CIC), de propriedade da Prefeitura de Curitiba.
Antes de ser desapropriado pelo município, o terreno pertencia a outra pessoa que, ao ser procurada pela polícia, negou ter realizado negócios com João de Oliveira.
Golpe
Segundo o delegado, no ano passado um homem que se identificou como João Roberto Dias Batista Bitencourt foi até o Primeiro Tabelionato de Notas de Curitiba, onde lavrou uma escritura de compra e venda do terreno. Para isso, ele levou uma procuração em que o comprador Valter Rocha Simões receberia plenos poderes do vendedor João de Oliveira.
Como o cartorário desconfiou que a procuração era falsa, telefonou para o cartório das Mercês, onde a procuração foi feita, que negou a autenticidade do documento. Porém, João Roberto não desistiu. Ele retornou ao cartório das Mercês e obteve uma nova certidão da originalidade da procuração. ?Durante as investigações constatamos que o cartorário Alexandre falsificou a procuração e a certidão de originalidade?, disse Stadler. De acordo com o delegado, Dilton e Norberto participavam das negociações junto com João Roberto.
No interior
Já os proprietários do cartório de Santa Maria do Oeste foram presos porque a procuração utilizada na escritura da transferência do terreno foi lavrada naquela cidade. ?Eles já tiveram procedimentos instaurados pela corregedoria dos cartórios para apurar irregularidades semelhantes?, destacou Stadler.
O delegado disse ainda que as investigações continuam para apurar outras fraudes cometidas pelo grupo. ?Também vamos descobrir a procedência destas pedras e se são preciosas?, salientou o delegado.