Contrabando passa e para no Paraná

O Paraná lidera as estatísticas de cigarros, medicamentos, equipamentos eletrônicos, CDs/DVDs e equipamentos de informática contrabandeados e apreendidos no País. Uma comprovação disso são os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) dos últimos dois anos. Em 2008, foram cinco ocorrências por dia de contrabando, em média, no Paraná registradas pela PRF.

Com percentual bem maior do que vários outros estados somados (ver tabelas), o Paraná aparece em primeiro lugar na apreensão de todos esses produtos. Na apreensão de maconha, ocupa a segunda colocação nos dados referentes a 2008 e 2009. E esses números são apenas parciais, já que passam por atualização diária da PRF e, como o volume é muito grande, muitas cargas são levadas até a Receita Federal e contadas posteriormente.

E a polícia avisa: o cerco ao contrabando vai aumentar nos próximos meses. Por conta da intensificação do trabalho da polícia do Estado em Foz do Iguaçu nos últimos meses, com aumento de efetivo, muitas quadrilhas migraram para Guaíra e para o Largo de Itaipu. “Por isso temos intensificado o trabalho em Guaíra e estamos com uma delegacia em fase de implantação na cidade”, avisa do chefe de policiamento e fiscalização da PRF no Paraná, Gilson Cortiano.

Enquanto o preço do cigarro legalizado aumentou no País nas últimas semanas, as maiores apreensões continuam sendo de carregamentos desse produto. Só neste mês veículos interceptados com cigarros contrabandeados aumentaram consideravelmente nas rodovias do Estado. Na região oeste do Paraná, pelo menos duas apreensões vêm ocorrendo toda semana e, em menos de 24 horas, mais de 65 mil pacotes foram encontrados pela polícia.

Os números preocupam também a Polícia Federal, que em três meses apreendeu mais da metade de tudo o que foi confiscado no ano passado: já seriam mais de 4,5 milhões de maços. Para a polícia, a explicação é simples: o cigarro é o produto que encontra mercado que é absorvido com maior rapidez e tem possibilidade de venda mais intensa do que outros itens.

Os milhares de quilômetros de fronteira entre Brasil e Paraguai que cortam o Paraná facilitam a passagem do contrabando pelo Estado, na avaliação de Cortiano. “Temos um acesso maior porque a fronteira é muito extensa. De Foz do Iguaçu até Guaíra temos áreas de difícil fiscalização, mas temos feito um trabalho bem planejado, com fluxo de informações e trabalho de inteligência”, acredita Cortiano. Além de Foz e Guaíra, o corredor de contrabando passa por cidades como Cascavel, Guarapuava e Ponta Grossa.

Quase a totalidade das apreensões são fruto da fiscalização policial. As denúncias giram em torno de pouco mais de 1% de toda a apreensão feita. “Hoje temos um sistema de geoprocessamento para quebrar as principais quadrilhas, pois toda entrada de contrabando vai gerar prejuízo muito grande, seja na arrecadação de impostos ou geração de empregos”, diz o chefe de policiamento e fiscalização da PRF no Paraná.

A diversidade dos carregamentos também é muito grande, desde carretas carregadas até transporte de produtos dentro do próprio corpo ou solas de sapato, tanque de combustível, pára-choque de automóveis. “E tudo isso requer fiscalização minuciosa e um nível elevado dos policiais. Para melhorar o trabalho precisávamos ainda aumentar o efetivo na região de fronteira”, afirma Cortiano.