A briga de gangues no São Braz pode ter feito mais vítimas na madrugada de ontem. Dois jovens foram baleados nas imediações da danceteria Sistema X. Um deles, ainda sem identificação, foi encontrado morto no início da manhã, caído no mato, ao lado da PR-418, próximo ao viaduto da BR-277.
O outro, Alessandro Gonçalves Leal, 19, foi baleado a poucas quadras dali, na Avenida Três Marias, e está internado em estado gravíssimo, no Hospital Evangélico.
A suspeita é de que eles tenham sido vítimas da rivalidade entre as gangues Vila do Sapo (VDS) e Comando do Extermínio (CDE). Alessandro, que trabalha como office-boy, foi baleado por volta das 6h, logo após sair do Sistema X.
Ele caminhava pela rua quando foi atingido por um tiro no pescoço. Testemunhas relataram que o disparo saiu de dentro de um Palio branco. Investigadores da Delegacia de Homicídios apuraram que o adolescente tem uma rixa com um homem conhecido como “Levi”, que também estava na danceteria e faria parte de uma das gangues.
“A suspeita é de que ele tenha sido baleado por algum integrante do Comando do Extermínio (CDE)”, informou o policial Henrique. Alessandro permanece internado em estado bastante grave. Fez uma cirurgia e corre risco de ficar tetraplégico.
Outro
Horas antes, um jovem de aproximadamente 20 anos foi baleado próximo dali, na entrada da PR-418. Atingido na cabeça e nas costas, ele tombou no mato, ao lado da pista. Seu corpo só foi encontrado no início da manhã. “É possível que os dois crimes estejam relacionados, porque foi muito perto um do outro”, disse Henrique.
A vítima não portava documentos, porém populares disseram que ele seria um morador conhecido da Vila Sapo, com diversas passagens pela polícia. Ele vestia blusa de moletom verde, calça jeans desbotada azul clara e botas pretas. Até o final da tarde de ontem, permanecia sem identificação no instituto Médico-Legal.
Morte anunciada na internet
Giselle Ulbrich
Há muito tempo as gangues do São Braz vêm trocando ameaças de mortes – e cumprindo algumas – usando inclusive o site de relacionamentos Orkut para arregimentar os bandos e marcar os locais dos encontros.
No início do mês, foi possível identificar no site um acerto de contas – vingança pelo assassinato de alguns jovens – que estava sendo marcado para os dias 4 e 5 de outubro (um fim de semana) em uma danceteria. A Tribuna denunciou o fato à polícia e as gangues recuaram, deixando o prometido “acerto” para outra ocasião, pois sabiam que o bairro estava sob vigilância da polícia.
Ao que tudo indica, a vingança foi praticada neste fim de semana, sendo vítimas dois rapazes que sairam da danceteria Sistema X. A guerra entre os grupos que se denominam Comando do Extermínio (CDE); Campina, do Campina do Siqueira; Vila do Sapo (VDS) e Sapo Louco, já fez pelo menos nove vítimas – quatro mortos e cinco feridos -, desde o início do ano.
Mortos
Além de Alessandro Gonçalves Leal, 19, e de outro rapaz não identificado, atingidos por tiros próximo da danceteria, também foram vítimas destes conflitos os pedreiros John Lenon Rodrigues de Oliveira e Marllon Dias da Silva, ambos de 18 anos, mortos a tiros no último dia 27.
Em 10 de agosto, foi assassinado Cristiano de Freitas de Oliveira, 21. Enquanto o corpo dele era recolhido pelo Instituto Médico-Legal, Diego dos Santos, 18, conhecido como “Nego Bala” foi ferido com três tiros na barriga.
Dois dias antes, um rapaz, de 18 anos, e dois adolescentes, de 15, foram baleados na Vila Rica. A Delegacia de Homicídios (DH) investiga as crimes em parceria com o 12.º Distrito Policial (DP).