O presidente do Sindicato dos Investigadores do Paraná (Sipol), Roberto Ramires, e mais dois investigadores ligados ao sindicato deverão comparecer às 10h de hoje no Grupo de Atuação do Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Eles vão prestar depoimentos voluntários sobre a confusão de anteontem no Departamento de Polícia Civil, entre dois sindicatos que representam policiais civis. A briga, que terminou com agressões físicas, provocou o cancelamento do Conselho da Polícia Civil, reunião mensal da entidade que, entre outras funções, define o rumo de policiais investigados por desvios de conduta.

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A confusão começou por conta do questionamento que o Sipol faz, sobre a permanência do delegado Marcus Michelotto no Conselho. No ano passado, ele foi preso pelo Gaeco, por um suposto envolvimento na exploração de jogos de azar e prostituição, dentro de uma casa no bairro Parolin, que ficou conhecida como mansão-cassino. “Quando um policial é investigado por desvio de conduta, ele é afastado da função. Não há nenhuma cláusula na legislação ou regras do Conselho que proíbam Michelotto de participar da reunião. Mas você acha moral e ético alguém que está sendo investigado por denúncia tão grave julgar outros policiais? Assim como o procedimento adotado para outros funcionáros, ele também deveria ter sido afastado. O nosso estatuto reforça a moralidade e a ética”, esbravejou Ramires.

De acordo com o sindicalista, as cadeiras no Conselho da Polícia Civil são ocupadas por indicações. Algumas das vagas são anunciadas pela Secretaria da Segurança Pública e outras pelo governador, como foi o caso de Michelotto, quando ainda era delegado-geral da Polícia Civil. Por isto, apenas o governador pode reverter a indicação e retirar Michelotto do Conselho. “Não sei o porquê de o governador demorar tanto para apreciar os ofícios que mandamos, solicitando a retirada”, questionou o presidente do Sipol.

Briga

Ramires disse que foram até a reunião do Conselho, averiguar se os pedidos feitos pelo sindicato tinham sido atendidos e se Michelotto tinha sido afastado. No bate-boca que se formou no corredor com sindicalistas pertencentes a outra entidade, Ramires diz que levou um soco nas costas, a dois metros da porta de entrada do gabinete do delegado geral. O fato é que representantes dos dois sindicatos, Sipol e Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol) registraram queixas de agressões e ameaças no 1.º Distrito Policial.

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Gaeco

Ramires explicou que as investigações que estão sendo feitas pelo Gaeco, envolvendo Michelotto, são por conta de várias denúncias que surgiram durante a gestão do delegado enquando comandante da Polícia Civil. Além da mansão cassino, o Gaeco investiga o delegado por denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo, como o mau uso do fundo Rotativo da Polícia Civil e também o uso irregular de viaturas em situações particulares dos policiais, caso que ficou conhecido como “mordomóveis”. Um delegado chegou a ser flagrado pela reportagem usando uma viatura para frequentar uma casa de prostituição. “Vamos ser ouvidos pelo Gaeco porque todas estas coisas têm ligação, já que nós encaminhamos todas estas denúncias ao Gaeco”, alegou o sindicalista.

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Nota do Sinclapol

O Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol) divulgou nota, na tarde desta quinta-feira (06), apresentando a sua versão a respeito da confusão envolvendo representates do próprio Sinclapol e do sindicato dos Investigadores do Paraná (Sipol), os dois sindicatos que representam os policiais civis do Paraná.

Confira abaixo a nota na íntegra:

Na data de 04 de fevereiro, seria realizada a primeira sessão do ano, do Conselho da Polícia Civil, mas a mesma foi cancelada em razão de falta de energia elétrica, como pode ser visto nas luzes apagadas das fotos. Estranhamente todos os outros andares estavam providos de eletricidade.

Na realidade, uma articulação envolvendo a Cúpula da Polícia Civil, tinha a intenção de causar embaraço entre os membros do Conselho, apoiando a atitude de uma associação que insiste em se dizer “sindicato” e que encaminhou ofícios à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), ao Governo do Estado e ao Departamento da Polícia Civil, indicando que o Delegado Michelotto não poderia integrar o conselho.

A não permanência do ex-Delegado Geral, passou a ser articulada e defendida então pela Delegacia Geral Adjunta, com a alegação de que “ele é investigado”, coisa que o próprio Ministério Público do Paraná (MP), que é o responsável pela investigação, neste sentido, não se manifestou.

O interessante de tudo isto é que, em uma falsa demonstração de moralismo, pedem a saída de alguém que simplesmente é investigado, não tendo ação penal ou condenação, diferente do próprio “sedizente” presidente de tal associação, que está condenado na ação Penal 1998.0009051-7 da 1ª Vara Criminal de Curitiba, tendo sido já proferida sentença “Condenatória”, nas sanções previstas no artigo 158, (extorsão mediante violência), combinado com o disposto no artigo 29 e também a perda do cargo, como efeito específico da condenação, conforme disposto no artigo 92, inciso I, alínea a do CP.
Fácil falar de terceiro sem olhar o próprio rabo, pois se o pensamento é a moralidade, que renuncie o condenado. Esclarecemos também que três integrantes desta mesma associação, que anteriormente estavam na sala do Conselho, foram recebidos na sala de reuniões do Departamento pelo Delegado Geral Adjunto, que mesmo percebendo os ânimos já exaltados, deixou que os mesmo saíssem da sala.

O que deveria ter evitado, pois poderia ter determinado que todos os que se encontravam no hall se retirassem, o que por certo evitaria todo o ocorrido, ficando a dúvida se foi de caso pensado ou irresponsabilidade mesmo. Provocações mútuas, o resultado é sabido e será esclarecido na justiça.

Continuaremos na Luta por uma Polícia Civil séria e unida na busca dos direitos do Policial e de Servir e Proteger o cidadão paranaense, mas sempre sem vinculação político-partidária, pois quem vincula uma entidade de caráter coletivo em busca de tirar proveito pessoal, está vendendo a alma ao diabo.