José Luiz Kaiser e Valdir Luiz Kaiser. |
Uma briga entre dois irmãos, envolvendo a facção criminosa Primeiro Comando do Paraná (PCP), terminou em morte na noite de quarta-feira, na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara. O assassinato aconteceu por volta das 19h30, dentro de um dos cubículos da sétima galeria, onde havia quatro detentos. Os outros dois tentaram apartar a violenta briga entre os irmãos, mas não conseguiram. Enquanto chamavam a segurança do presídio, o detento José Luiz Kaiser, 29 anos, acabou com a vida de Valdir Luiz Kaiser, 31, o “Rambo”, a pauladas.
O diretor da PCE, André Luís Ayres Kendrick, informou que José Luiz vinha sendo pressionado pelo irmão Valdir para aderir ao PCP (comando criminoso criado na penitenciária que se opõe ao PCC, Primeiro Comando da Capital, organização nascida nos presídios de São Paulo). José Luiz, por sua vez, tinha se tornado evangélico e não aceitava a ligação de Valdir com o comando.
Ameaças
A briga entre os irmãos esquentou nos últimos dias. “O Valdir chegou a ameaçar que ia pegar a família de José Luiz na rua”, contou Kendrick. Na quarta-feira à noite, depois de mais uma discussão dentro da cela, Valdir acertou o irmão com um cabo de vassoura na testa. No revide, José Luiz arrancou uma ripa do estrado da cama e passou a desferir golpes violentos no agressor. Segundo o diretor da PCE, José Luiz assumiu o crime e contou toda a história calmamente, embora estivesse triste e arrependido por ter matado o irmão. O detento foi levado na mesma noite para o Complexo Médico Penal para tratar do ferimento da cabeça.
Os irmãos Kaiser cumpriam pena por um latrocínio cometido em Cascavel. Eles foram presos em 1993 e ingressaram no sistema penitenciário em 94. Valdir cumpria pena de 24 anos e José Luiz, de 21.
Outros
O último homicídio ocorrido dentro do sistema penitenciário local foi em setembro do ano passado. O detento Marcelo Soares de Farias, 34 anos, conhecido como “Paulistinha”, foi assassinado a golpes de estoque, durante o banho de sol, na Prisão Provisória de Curitiba (Ahú). Ele foi atacado por um grupo de no mínimo seis homens. “Paulistinha” era um detento encrenqueiro. Participou ativamente das três rebeliões ocorridas entre 2000 e 2001 na PCE, em Piraquara, e ao ser transferido para o Ahu já estaria marcado para morrer.
Antes disso, em abril de 2002, houve um tiroteio dentro da PCE que resultou na morte de dois detentos e deixou outros quatro feridos. Uma nova rebelião estava sendo preparada na maior penitenciária do Estado, mas o motim acabou não acontecendo por desavenças entre o PCC e o PCP.
O tiroteio aconteceu no domingo, 7 de abril de 2002, dia de visita. Integrantes de uma das facções dominaram um agente penitenciário, provavelmente para dar início ao motim. No entanto, os membros do grupo contrário -que não queriam a rebelião naquele momento e reagiram. As armas, posteriormente recolhidas durante uma operação da Polícia Militar, tinham entrado no presídio para ser usadas na futura rebelião.